A bancada de oposição – liderada pelo PT – ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa recuou e votou junto com os governistas, ontem, a favor do projeto de lei que autoriza o governo paulista a contratar financiamento de US$ 182,7 milhões (equivalentes a R$ 533,5 milhões) para custear desapropriações no traçado da Linha 18-Bronze do Metrô (Tamanduateí-Djalma Dutra), que ligará a Capital ao Grande ABC. Esse era o último item burocrático para que as obras do ramal de transporte coletivo tenham, de fato, início.
Com 64 votos favoráveis e nenhum contrário, o Palácio dos Bandeirantes foi autorizado a obter financiamentos com bancos nacionais e internacionais. As emendas propostas pela bancada petista, que não havia entrado em acordo com os governistas anteontem para votar a proposta, foram todas rejeitadas. O recuo pode ser creditado, além do PT, às bancadas do PMDB, SD, PSD, PEN, PV e DEM, que haviam se posicionado pela obstrução das votações.
A deputada estadual Vanessa Damo (PMDB-Mauá) argumentou que o entrave ocorreu pela intenção do PT de emplacar emendas. “Não havia acordo no sentido das emendas apresentas pelo PT, que foram todas rejeitadas. Hoje (ontem) foi uma sessão mais tranquila e com entendimento maior, tanto que não precisamos nem da sessão extraordinária para votar a proposta. É um projeto importante que vai atender cerca de 2,4 milhões de pessoas da Região Metropolitana, segundo o próprio governo do Estado”, destacou a parlamentar.
Em nota, a bancada do PT explicou que a obstrução da pauta ocorreu para cobrar transparência de Alckmin em relação ao financiamento. “De 2004 a 2014, foram aprovadas operações de crédito que totalizam cerca de R$ 35,8 bilhões. Desses, apenas R$ 19 bilhões (46,57%) foram arrecadados. Só no ano passado, mais de R$ 1,3 bilhão de recursos externos aprovados pela Assembleia deixaram de ser captados. Esse valor representa 35,3% das operações de crédito internacionais aprovadas pela Casa, revelando a falta de capacidade e de gestão do Palácio dos Bandeirantes”, diz o informe dos petistas.
A discussão da Linha 18-Bronze foi alavancada pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), quando angariou junto à presidente Dilma Rousseff (PT) recurso para produzir projeto piloto. O investimento beneficia, além dos são-bernardenses, Santo André, administrada pelo PT com Carlos Grana, e São Caetano, gerida pelo PMDB de Paulo Pinheiro.
A via, que será erguida para abrigar o sistema de monotrilho, terá 15,7 quilômetros de extensão. A partida é da Estação Tamanduateí, onde fará conexão com a Linha 2-Verde do Metrô e Linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), passando por São Caetano, Santo André e São Bernardo. O custo total é de R$ 4,26 bilhões, sendo R$ 1,92 bilhão repartido entre Estado e União, outro R$ 1,92 bilhão bancado pelo Consórcio Integrado ABC, que venceu licitação para executar a obras, e os R$ 533,5 milhões para desapropriações.