por Roberta Marchesi*
A rotina e correria do dia a dia têm feito com que as pessoas busquem por facilidades e praticidades para otimizar o tempo e realizar suas atividades e tarefas diárias. Para isso, os sistemas de transporte mundiais têm buscado oferecer uma vasta gama de serviços, justamente para aproveitar o ponto de embarque e desembarque destas pessoas, proporcionando acesso à oferta de serviços.
As estações de transporte têm se transformado, no mundo todo, em grandes polos de serviços aos cidadãos, com áreas comerciais que reúnem lojas, supermercados, espaços de saúde e beleza, e conexão com shoppings centers, universidades, edifícios comerciais e empresariais.
Na Alemanha, por exemplo, algumas estações possuem restaurantes, desde os de comida rápida, como lanchonetes e hamburguerias; aos mais refinados, que sediam reuniões de negócios. Os executivos se deslocam de diferentes áreas da cidade e arredores, utilizando o sistema de transporte público, e se reúnem nas estações de trem, evitando um tempo maior de percurso.
O Japão e a China avançaram nesse modelo e interligaram torres comerciais, residenciais e shoppings centers às suas estações de transporte ferroviário, criando verdadeiros bairros associados a essas estações. Todo o desenvolvimento é orientado para o transporte, que é orientado para esse desenvolvimento integrado.
Alemanha, China e Japão são somente alguns dos muitos exemplos de países que têm deslocamentos pensados de forma integrada com a cidade. O mundo tem transformado as suas estruturas de transporte com o atrativo de serviços.
No Brasil, isso já começa a ser uma realidade. São Paulo, por exemplo, possui shoppings conectados às suas estações: Santa Cruz, Tucuruvi, Tatuapé e Corinthians-Itaquera. Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Maceió e Recife já manifestaram interesse em investir nesse tipo de iniciativa.
As estações de metrô e trem possuem lojas e quiosques com diversos tipos de produtos e serviços, inclusive de marcas reconhecidas pela população, como as redes de chocolates. As pessoas utilizam esses serviços e evitam mais um deslocamento para fazer um lanche ou comprar um presente, por exemplo.
Todo esse desenvolvimento gera uma mudança de paradigma que envolve as áreas comerciais das estruturas de transporte, pois esses empreendimentos vêm não só para facilitar a vida dos passageiros, que perdem menos tempo com deslocamento e têm no seu percurso os serviços que precisam, mas também para ajudar no financiamento da expansão das linhas metroferroviárias mundiais.
A maior utilização das linhas e a geração de negócios nas estações ajudam a custear os sistemas e, para atender à essa demanda, os operadores têm investido em áreas comerciais para vender espaços e serviços.
É um modelo de desenvolvimento onde todos ganham, tanto o cidadão quanto a cidade. E ajuda no desenvolvimento da conexão do transporte e na integração de todo o sistema de mobilidade urbana.
* Roberta Marchesi é Diretora Executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Mestre em Economia e Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento, Gestão e Logística.
Artigo publicado no Jornal O Estado de S.Paulo, na Coluna FIABCI-Brasil, no dia 03 de março de 2020.