Por Roberta Marchesi*

Você que anda no metrô na cidade de São Paulo, todos os dias, não imagina que ele é também importante para todo o Brasil, para a América Latina ou mesmo para o mundo. Desde que foi inaugurado, em 1974, o Metrô tem desempenhado o papel de inspiração e aprendizado para que outros sistemas pudessem se desenvolver em outras cidades do Brasil e até mesmo em outros países.

É o primeiro sistema de metrô do Brasil. Ele começou com um único trajeto, a Linha 1-Azul, ligando o Jabaquara, na zona sul, a Santana, na norte, com 16,7 quilômetros de extensão. Atualmente, já conta com mais de 101 quilômetros de trilhos, divididos em seis linhas, 89 estações, sem contar os projetos de ampliação em andamento, que somam mais de 23,5 quilômetros pela cidade.

Como, na época da sua implantação, não havia, no Brasil, profissionais especializados em sistemas de metrô, um grupo de técnicos e engenheiros foi enviado para se formar nos Estados Unidos e outro na Cidade do México. Esses grupos se tornaram especialistas no assunto e, anos depois, alguns deles foram responsáveis por treinar equipes e auxiliar na implantação de vários sistemas, no Brasil e na América Latina, como o Trem Metropolitano de Porto Alegre, os metrôs do Rio de Janeiro, de Recife, de Belo Horizonte e de Brasília, o metrô de Caracas, na Venezuela, dentre tantos outros.

Por meio desse intenso processo de treinamento e capacitação, a expertise dos profissionais do Metrô de São Paulo só cresceu ao longo dos anos e fez com que a empresa estivesse sempre antenada com as melhores tecnologias de cada época, trazendo inovações que contribuíram para a segurança e rapidez do sistema metroviário dos paulistanos.

Novas tecnologias

No início, o Metrô foi o primeiro no mundo a utilizar tecnologia para uma operação completamente automática, e o pioneiro, no Brasil, a ter escadas rolantes para facilitar a movimentação nas estações. Mais recentemente, foi o primeiro da América Latina a ter uma estação equipada com portas de plataforma e a adotar tecnologia QR Code na venda de bilhetes. E as inovações não param por aí. Em 2010, ele entrou para a seleta lista dos sistemas de metrô mais automatizados e seguros do mundo, com a implantação dos trens da Linha 4-Amarela, que funcionam sem condutor. Na época da sua inauguração, havia pouquíssimos sistemas como esse no mundo e nenhum nas Américas.

O Metrô expandiu fronteiras e se juntou ao CoMET, um grupo formado apenas pelos maiores sistemas de metrôs do mundo. Lá, os nossos representantes se sentam para discutir inovação e tecnologia com operadores de Nova York, Paris, Moscou, Pequim e de diversas outras cidades, e levam conhecimento e melhores práticas, aqui desenvolvidas, mundo afora.

Não é à toa que, em 2010, o Metrô de São Paulo foi considerado o melhor sistema de transporte sobre trilhos da América Latina pelo The Metro Awards, e, em agosto de 2015, foi eleito um dos melhores sistemas de metrô do mundo pela revista americana Business Insider, sendo o único sistema latino-americano a pertencer a essa seleta lista.

Você, que utiliza o metrô da cidade no seu dia a dia, sente os efeitos positivos de escolher se deslocar dessa forma. Mas operar um sistema como o do Metrô de São Paulo é um desafio diário. A cidade conta com um dos sistemas mais carregados do mundo, e isso faz com que qualquer imprevisto na operação dos trens impacte no deslocamento de milhares de pessoas. Um trem parado, uma porta de plataforma que não funcione, uma escada rolante que não esteja ligada ou qualquer outro problema que surja ganham grandes dimensões. E como surgem problemas…

Por essa razão, enquanto você anda no metrô, uma equipe discute as melhorias necessárias e as escalas de manutenção, busca novas tecnologias, testa equipamentos, tudo para garantir a segurança e avançar com a qualidade do serviço que, hoje, já é prestado. É um metrô que não para, que evolui a cada dia, trazendo o que há de melhor em inovação e tecnologia para o bem-estar do passageiro de toda a região metropolitana. É um orgulho dos paulistanos e uma referência para o Brasil e para o mundo.

* Roberta Marchesi é Diretora Executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Mestre em Economia, Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento, Gestão e Logística e com certificação internacional em Gestão de Transportes Ferroviários e Metroferroviários.

Artigo publicado na coluna Mobilidade Estadão, do Jornal O Estado de S.Paulo, em 23 de março de 2022.