A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) coordenou o Espaço Trilhos da ARENA ANTP, no dia 26 de setembro, em São Paulo. O evento contou com dois painéis e a presença de especialistas, gestores públicos e autoridades, buscando debater o futuro dos trilhos na mobilidade urbana nas cidades brasileiras.
O Painel 1 teve como tema “Desafios para o avanço do setor metroferroviário de passageiros no Brasil” e contou com a participação de João Gouveia, Vice-Presidente Executivo da ANPTrilhos; de Rodrigo Tortoriello, Presidente do Fórum de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana e Secretário Extraordinário de Mobilidade Urbana da Prefeitura de Porto Alegre; de Roberto Labarthe, do Comitê de Mobilidade da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) e Vice-Presidente Institucional da ANPTrilhos; e de Fernando Araldi, Coordenador de Ações Estratégias da Secretaria Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desenvolvimento Regional.
O Vice-Presidente Executivo da ANPTrilhos, João Gouveia, ressaltou a necessidade de ampliar a rede de transporte para atender a demanda populacional. “As cidades estão crescendo e juntamente com elas estão aumentando os problemas de congestionamentos. A solução para o problema da mobilidade é conhecida e cabe aos governantes incluir em suas gestões, como prioridade, ações efetivas para tratar a questão”, finalizou João Gouveia Ferrão Neto, Vice-Presidente Executivo da ANPTrilhos.
A sobreposição de linhas de transporte foi destacada pelo Presidente do Fórum de Secretários e Dirigentes Públicos de Mobilidade Urbana, Rodrigo Tortoriello. Ele explicou que as cidades colocam linhas de ônibus municipais no mesmo percurso que os ônibus intermunicipais e as linhas de trem, gerando concorrência desnecessária entre os sistemas. “Nós geramos essa ineficiência”, explicou.
Roberto Labarthe, do Comitê de Mobilidade da ABDIB e Vice-Presidente Institucional da ANPTrilhos, fez uma palestra sobre autoridade metropolitana, um modelo de gestão que se destacou em diversas cidades mundiais como uma prática de eficiência para o planejamento e gestão do transporte público, contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento e integração dos sistemas nas cidades onde estão implantadas. Ele explicou que a urbanização cria um caos nas cidades e que é necessário o planejamento integrado entre as cidades com limites territoriais para otimizar a gestão de serviços como o transporte.
O Coordenador de Ações Estratégias da Secretaria Nacional de Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desenvolvimento Regional, Fernando Araldi, reforçou a necessidade de planejamento das cidades e enfatizou que a grande maioria das cidades brasileiras não possuem um Plano de Mobilidade. Ele apresentou os programas do Ministério para o desenvolvimento do setor, como o “Avançar Cidades – Mobilidade Urbana”.
Tecnologia e mobilidade urbana
O Painel 2 do Espaço Trilhos abordou “Tecnologia voltada para a mobilidade urbana” e contou com a participação de Milton Gioia, Vice-Presidente de Planejamento da ANPTrilhos; de José Erlan Dias Alves, Chefe de Departamento de Provimento e Desenvolvimento de Pessoal da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM); de Felipe Copche, Supervisor de Projetos de Sinalização e Controle do Metrô de São Paulo; de Newton Werneck, Gerente de Tecnologia da Informação do MetrôRio; de Eduardo Chrysostomo, Gerente Geral da Aeromovel; e de Pedro Machado, Presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP). Milton Gioia foi o responsável pela moderação do painel.
A mobilidade como serviço foi apresentada no painel. Felipe Copche, Supervisor de Projetos de Sinalização e Controle do Metrô de São Paulo, explicou que disponibilizar o acesso à internet em linhas subterrâneas de metrô com a qualidade de serviço adequada, agregando tecnologias de geoferenciamento indoor e meios digitais de pagamentos com a experiência do usuário, possibilitará a criação de diversas funcionalidades e serviços aos passageiros e operadores, em tempo real e de forma escalar, alinhada com os anseios no desenvolvimento uma plataforma digital de mobilidade combinada e contribuindo para aumentar a atratividade do transporte público nos centros urbanos.
Uma inovação que foi apresentada no painel foi o pagamento de passagens através de celular, cartão de crédito, pulseira e relógio com a tecnologia NFC (Near Field Communication), por aproximação dos dispositivos nos leitores das catracas. Newton Werneck, Gerente de Tecnologia da Informação do MetrôRio, apresentou a tecnologia em uso pelo metrô carioca. O pagamento por celular tem sido a preferência dos passageiros do sistema, sendo em média o meio escolhido por 56% dos usuários que aderiram ao pagamento por aproximação.
A tecnologia também está presente nos trens. O Gerente Geral da Aeromovel, Eduardo Chrysostomo, apresentou a tecnologia Aeromovel, um sistema automatizado e em via elevada, utilizando propulsão pneumática – o ar é pressurizado por ventiladores estacionários de alta eficiência energética, por intermédio de um duto localizado dentro da via elevada. O ar dentro deste duto empurra ou puxa uma placa de propulsão fixada ao veículo, que se movimenta por truque (plataforma sobre rodas de aço) em trilhos.
Os profissionais que atuam no setor também estão em constante aprimoramento e o painel abordou ainda a evolução do profissional de engenharia no transporte do futuro. O Presidente da AEAMESP, Pedro Machado, destacou a importância de discutir o papel do profissional metroferroviário na 4ª revolução industrial. “Os gestores não terão mais domínio total dos processos, devido à complexidade sempre crescente, os profissionais terão que ter muito mais iniciativa e responsabilidade, além de competência para trabalhar de forma colaborativa”, enfatizou.
O papel da educação na formação da geração de valor para empresas de mobilidade foi apresentado pelo Chefe de Departamento de Provimento e Desenvolvimento de Pessoal da CPTM, José Erlan Dias Alves. Ele destacou os avanços tecnológicos ao longo dos anos: “Não é preciso ser um robô para agir como um”.
Todas as apresentações da Arena ANTP estão disponíveis neste link.