ANPTrilhos na Mídia | Tarifa única é apontada como solução para o transporte público no Rio

Seminário ‘Caminhos do Rio – O futuro sobre trilhos’ reuniu especialistas e autoridades que defenderam uma nova política para trem, ônibus, metrô e barcas, que contemple a intermodalidade

27/02/2025 – Jornal Extra (RJ)

A política de transporte público do Estado do Rio precisa de uma atualização que contemple tarifa única e integração entre os modais, na avaliação dos especialistas e autoridades que participaram do seminário “Caminhos do Rio – O futuro sobre trilhos”.

A criação de uma autoridade metropolitana e a implementação de medidas para a redução das emissões de gases de efeito estufa também nortearam a pauta do evento, realizado pelos jornais O Globo e Extra com patrocínio da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos). O debate ocorreu no último dia 18 e foi dividido em dois painéis: “O futuro dos transportes” e “O desafio da tarifa única”.

Nos últimos cinco anos, houve uma redução do número total de passageiros de metrô, trens e barcas no Rio de Janeiro. As quedas foram de 48% nos trens, 39% nas barcas e 29% no metrô, de agosto de 2019 a agosto de 2024.

Por vídeo, o presidente da Alamys e CEO do metrô de Madri, Ignacio Vazquez, abriu o evento ressaltando que a política tarifária de incentivo ao transporte público foi fundamental para a retomada da demanda após a pandemia.

REDUÇÃO TARIFÁRIA

O secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana, Washington Reis, lembrou que o transporte sobre trilhos tem vários benefícios e é ecologicamente correto. Reis comprometeu-se a reduzir as tarifas de trem e metrô e a promover a integração entre todos os modais.

O presidente do MetrôRio, Guilherme Ramalho, defendeu o aumento do investimento e do subsídio ao transporte estruturante para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento econômico e social da cidade.

— Temos também o desafio da transição energética. Precisamos reduzir a emissão de gases poluentes nas grandes cidades e, para isso, devemos agir agora. No Rio acredito que temos hoje uma grande oportunidade para redefinir as políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana, priorizando os transportes coletivos de alta capacidade e sustentáveis — disse Ramalho.

Silvia Bressan, diretora de Unidade de Negócios do VLT, disse que a cidade do Rio de Janeiro é densa e muito povoada, o que faz dela um lugar ideal para o transporte sobre trilhos.

O presidente do conselho administrativo da ANPTrilhos, Joubert Flores, também lembrou a importância da complementaridade. Flores acredita que a cidade, pelo seu tamanho, possibilita um sistema de transporte eficiente, integrado, em escala e com tarifas mais acessíveis.

— É preciso estimular o uso do transporte público porque ele é a espinha dorsal da atividade econômica. Temos no Rio de Janeiro uma infraestrutura que precisa ser melhor explorada. Precisamos de uma tarifa integrada, buscar novas fontes de custeio que não sejam apenas o passageiro custeando, e organizar e otimizar o sistema. Neste sentido, o transporte sobre trilhos pode contribuir, já que está ligado à tecnologia, à inovação e à qualidade de vida das pessoas — disse ele.

AUTORIDADE METROPOLITANA

Constituir uma autoridade metropolitana pode ser uma medida para desentravar e dar soluções ao transporte público no Rio. O presidente da Agetransp, Adolpho Konder, acha que essa pode ser a chave para discutir novos contratos de concessões, o ponto de partida para uma mudança necessária no setor.

— O Rio de Janeiro tem uma facilidade porque não é um Estado com muitos municípios, temos 21 municípios na região metropolitana — disse Konder.

Na avaliação de Edmar de Almeida, professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, estamos vivendo um momento único, propício para rever, de forma conceitual e na prática, o transporte no Rio. Almeida destacou que os modais poluentes são os que recebem mais subsídios, logo, têm as tarifas mais baixas.

Também participaram do debate Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, e Lucas Costa, diretor de Estruturação de Projetos da CCPAR. O encontro teve a mediação do jornalista Rafael Galdo.