Associação indica que 2024 pode registrar alta superior à soma de 5 anos e que metrô de BH e trem para Campinas serão impulso
03/04/2024 – Folha de S.Paulo / Blog Sobre Trilhos
A expectativa para a expansão das linhas de trens e metrôs no país para 2023 já não era das maiores, mas um levantamento publicado pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) mostrou que o crescimento foi inferior ao esperado.
De acordo com o estudo, divulgado nesta terça-feira (2), a expansão da malha metroferroviária foi de apenas 4,1 quilômetros no ano passado, registrada nos sistemas de Salvador e Natal. Isso fez com que o total de trilhos existentes para o transporte de passageiros nos grandes centros urbanos chegasse a 1.133,4 quilômetros no país.
A previsão da associação para 2023 era de que o sistema crescesse 15,6 quilômetros, com obras também em Fortaleza e São Paulo —da linha 9-Esmeralda, cuja entrega está prevista para 2024.
Desde 2019, a expansão foi de apenas 16,9 quilômetros no Brasil, num ciclo impactado fortemente pela pandemia de Covid-19, que deixa reflexos até hoje nos metrôs e trens.
A média de passageiros transportados por dia foi de 8,19 milhões no ano passado, o que representa um crescimento de 6% no total em metrôs, trens urbanos, VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos) e people movers. Mesmo com a alta, porém, o total de passageiros transportados ainda não atingiu 80% da média diária pré-pandemia, segundo o presidente do conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores.
“Isso se explica pela incorporação das mudanças de comportamento, como o e-commerce, como o trabalho híbrido, a semana de quatro dias. Mas a gente está em um ascendente positivo. Nós tivemos nesse período, em 2023-2024, uma concessão, que foi a do metrô de Belo Horizonte. Tivemos depois o TIC, o trem para Campinas. E existem outros projetos nesse sentido que podem atrair o capital privado para ajudar a extensão da rede”, afirmou.
Atualmente, o sistema metroferroviário do país é formado por 48 linhas e 631 estações, distribuídas em 12 das 27 Unidades da Federação. Há 16 operadores, sendo 56% concessionários e 44% públicos.
A maior parte do sistema nacional é composta por trens urbanos (536 km), seguidos de metrôs (307,5 km), VLTs (274,6 km), monotrilho (14,5 km) e people mover (0,8 km).
O presidente do conselho afirmou acreditar que, até o final deste ano, ao menos mais 20 quilômetros, com 17 estações, sejam incorporados à rede, o que representaria mais que o acumulado entre 2019 e o ano passado.
“Nós hoje temos 66 quilômetros em construção. E o mais importante a dizer é que a gente, com a pequena rede que nós temos hoje no Brasil, essa rede é suficiente para evitar que a gente gaste por ano R$ 32 bilhões, na aquisição de combustível fóssil, na emissão de poluentes, no tratamento dos acidentados com o trânsito e na economia de horas perdidas em trânsito.”
Os 66 quilômetros em construção, com 59 estações, estão previstos para um horizonte de cinco anos, conforme a ANPTrilhos.
O estudo mostrou ainda que 65% dos passageiros usam o transporte público sobre trilhos para se deslocar para o trabalho.