O grupo francês Alstom finalizou o processo de aquisição da empresa canadiana Bombardier – a verba envolvida nesta mega-operação atinge os 6 mil milhões de euros e dará origem ao segundo maior grupo ferroviário do mundo, com um volume de negócios a rondar os 15 mil milhões de euros.
Em comunicado, recentemente divulgado pelo grupo ferroviário francês, pode ler-se que a Alstom «assinou um memorando de entendimento com a Bombardier e com o Caisse de Dêpot et Placement du Quêbec (CDPQ) com vista à aquisição da Bombarbier Transportation».
O banco canadiano Caisse de Dêpot et Placement du Quêbec (CDPQ) possui 32,5%, e, na sequência desta mega-operação de aquisição, irá reinvestir na Alstom cerca de dois mil milhões de euros, quantia encaixada na concretização do negócio. A esta valor juntar-se-ão mais 700 milhões de euros, fazendo assim da entidade bancária o maior accionista da nova empresa (com cerca de 18% do capital), resultante da operação.
«Esta aquisição melhorará o nosso alcance global e a nossa capacidade de responder à crescente necessidade de mobilidade sustentável. A Bombardier Transportation trará à Alstom presença geográfica complementar e presença industrial em mercados em crescimento, além de plataformas tecnológicas adicionais», declarou, na sequência da divulgação da operação, Henri Poupart-Lafarge, CEO da Alstom.
«Temos o prazer de o Caisse de Dêpot et Placement du Quêbec como novo accionista de longo prazo, que apoia totalmente a transacção e a estratégia da Alstom», acrescentou ainda Henri Poupart-Lafarge. A operação implicará um crescimento de dois dígitos ao lucro por cada acção logo a partir do segundo ano de actividade; as sinergias serão de 400 milhões de euros após cinco anos de actividade.
O negócio surge na ressaca de outra operação de fusão, que, tal como a Revista Cargo à data noticiou, acabou por não se concretizar: no Verão de 2018, a Alstom esteve envolvida num processo de fusão com a Siemens, que resultaria na criação do maior grupo ferroviário do mundo. Apesar do Estado francês ter dado luz verde à operação, a Comissão Europeia viria a bloquear a conclusão do negócio.
«Sem as devidas adaptações, essa fusão resultaria em preços mais altos para os sistemas de sinalização que mantêm os passageiros seguros e para as próximas gerações de comboios de alta velocidade», admitia à data a Comissão, frisando que o chumbo se devia ao facto das empresas não estarem «dispostas a resolver sérios problemas de concorrência», frisava, em Julho de 2018, a Comissária Europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager.
13/04/2020 – Revista Cargo