Governo descarta construção do VLT do Aeroporto de Brasília

O brasiliense vai voltar a viver transtornos no trânsito. Além da Saída Norte, onde são executadas as obras do Trecho de Triagem Norte (TTN), dentro de poucos dias a Saída Sul também vai ganhar obras e colocar em xeque, por um período de um ano, a paciência dos motoristas.

Três anos depois de o GDF entregar a Estrada Parque Aeroporto, para receber o trânsito do BRT, a via volta a ser alvo de novas ampliações. Uma nova faixa será construída de cada lado da EPAR (DF-47), de forma a permitir o tráfego dos ônibus do BRT até o Aeroporto, sepultando de vez o projeto de interligar o terminal ao Plano Piloto com os modernos bondes elétricos do VLT.

Memória – Para a Copa do Mundo, um túnel foi construído sob o Bambolê da Dona Sarah a um custo de R$ 53 milhões. Uma verdadeira hecatombe ambiental naquele que era o principal cartão de visita de Brasília. Além disso, em 2012, com o abandono do VLT para o Aeroporto, o governo Federal repassou R$ 100 milhões para as adaptações requeridas pelo BRT. A medida resultou ainda na eliminação do canteiro central da EPAR, onde existia uma alameda com 70 Sibipirunas plantadas na década de 1960.

Todas essas obras passadas, feitas sem um devido planejamento integrado e de longo prazo, obrigam agora a um novo remendo cobrado pela InfraAmerica, que reclama da inexistência de transporte eficiente conectando o aeroporto com o resto da cidade.

O remendão custará agora mais R$ 18.176.585,20, recursos provenientes de financiamento da Caixa Econômica. A obra envolverá os 2,1 quilômetros entre o fim do Eixão Sul e o terminal do Aeroporto.

Além das novas faixas a serem construídas na lateral da via, novos acessos serão construídos tanto para quem vai do Plano Piloto para o Aeroporto, quanto dos que de lá são provenientes, bem como para os que se dirigem ao Lago Sul e Park Way, Gama e Santa Maria. Também está prevista a instalação de nova sinalização e de ciclovia.

Meio Ambiente

A ampliação será feita em um local complexo. Há redes subterrâneas de energia, telefonia e de fibra ótica e um duto da Petrobrás que leva combustível até o aeroporto. Além disso, a EPAR atravessa duas áreas ambientalmente sensíveis. De um lado a Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE de Vida Silvestre do Riacho Fundo e, de outro, o início do Lago Sul, onde chegam o Riacho Fundo e o Córrego do Guará.

Quando esse projeto foi iniciado, no governo Arruda, pontes foram erguidas sobre o Riacho Fundo, mas empecilhos ambientais impediram o alargamento das faixas entre o Riacho Fundo e o Aeroporto. No governo Agnelo, em janeiro de 2013, o Ibram concedeu a licença, na qual exige compensações ambientais mediante a execução e manutenção de aceiros em diversas Unidades de Conservação do DF.

Bye bye VLT

O secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, esclarece que a obra de alargamento da via possibilita a implantação de faixas exclusivas para o BRT, melhorando a conexão do Aeroporto com o Terminal Asa Sul do metrô e com a Rodoviária do Plano Piloto ao Aeroporto.

“Em setembro de 2010, por determinação judicial, o contrato da obra do trecho do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Aeroporto foi anulado e a obra paralisada. Dessa forma, considerando a demanda existente para o Aeroporto, a secretaria de Mobilidade passou a adotar como solução de mobilidade para área por meio no aperfeiçoamento da estrutura de transporte coletivo existente para a região.”

Em Campanha?

As recentes propostas de uso e ocupação do solo, de introduzir atividades econômicas nas residências, bem como de um novo plano urbano para o Park Way, têm colocado a comunidade do bairro no campo oposto ao governador Rodrigo Rollemberg. Nessa semana, parece que ele resolveu dar um novo tratamento à comunidade, onde ele mesmo reside.

Aproveitou o seminário Pensar Park Way, organizado pelos moradores, e não só se fez presente, como cinco de seus secretários lá estiveram. Não foram afastadas de todo as potenciais ameaças urbanísticas, mas Rollemberg falou em alto e bom som que não deseja adensar o Park Way e que o padrão de densidade demográfica atual do bairro é que o assegura ambientalmente. Prometeu, inclusive, avaliar a reivindicação da criação do Parque do Córrego Seco, como forma de proteger as nascentes desse tributário do Ribeirão do Gama.

Os moradores ainda ouviram do secretário de Transporte a promessa de por em funcionamento ainda este ano as quatro estações do BRT. Sem uso, desde que ficaram prontas, algumas delas estão servindo para tiro-ao-alvo, praticado por vândalos. Fabio Damasceno prometeu ainda um bicicletário público para que os usuários do BRT possam se locomover internamente ao Bairro.

13/08/2017- Brasília Capital / Chico Sant’Anna