Projetos de mobilidade são o maior desafio para o futuro da metrópole

Laguna e Itapaiúna são nomes que vão fazer parte do cotidiano dos motoristas que transitam pela capital paulista a partir deste ano. São parte dos projetos de infraestrutura para melhorar a mobilidade, um desafio para a metrópole.

O primeiro dá nome a uma ponte de 365 metros de extensão sobre o rio Pinheiros, com três faixas em apenas um sentido, ligando a Granja Julieta à região do Morumbi, ambas na zona sul. O novo equipamento viário contará também com ciclovia e passarela para pedestres.

Itapaiúna batiza a segunda ponte sobre o mesmo rio, também na região sul. Com 340 metros de comprimento e três faixas de rolamento em mão única, ela permitirá o fluxo de veículos que saem do Panamby em direção a Santo Amaro, na zona sul, e Lapa, na zona oeste.

O secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Roberto Garibe, disse ao DCI que a primeira será entregue no primeiro semestre, e a segunda, em agosto. “O objetivo é desafogar o tráfego pesado que hoje existe nas pontes do Morumbi e João Dias”, afirma, lembrando que a mobilidade é o quebra-cabeça do século para as grandes cidades no mundo.

O desafio é maior ainda para uma cidade que ganhará três centros de compras ainda neste ano, segundo a Associação Brasileira dos Shopping Centers (Abrasce): o Cantareira Norte Shopping, na zona noroeste, o Morumbi Town, no bairro de mesmo nome, e o Cidade Jardim Shops, na Rua Haddock Lobo, nos Jardins, região com trânsito para lá de saturado.

Especialistas em mobilidade urbana apontam que ampliar o transporte sobre trilhos, seja com metrô ou trem, é uma das formas mais eficazes e menos poluentes de melhorar o transporte.

O ano começou, porém, com duas notícias nada animadoras para os paulistanos. Na semana passada, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (metrô) rompeu contrato com o consórcio responsável pelas obras da linha 17-ouro, que liga o aeroporto de Congonhas, na zona sul, ao estádio do Morumbi, zona oeste, por meio do monotrilho. Prometida pelo governo do estado para ser entregue antes da Copa do Mundo de 2014, a linha agora não tem data para ser concluída.

Em dezembro, o governador Geraldo Alckmin já havia anunciado a interrupção das obras de expansão da linha Verde, que hoje vai da Vila Madalena à Vila Prudente e cujo traçado prevê o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, como ponto final.

“Estamos fazendo a parte que cabe ao município e vamos entregar 150 km de faixas exclusivas de ônibus e implantar 400 km de ciclovias até o final do mandato do prefeito Fernando Haddad, em dezembro”, afirma Garibe.

A polêmica das bicicletas

Uma das bandeiras da atual administração municipal, as ciclovias e ciclofaixas pretendem estimular o uso de bicicletas como meio de locomoção. Mas, desde o início, já no primeiro ano de governo, causaram polêmica.

Na Avenida Abel Ferreira, no Jardim Anália Franco, zona leste, a ciclovia inaugurada em agosto de 2014 por Haddad já passou por duas reformas. A dois quilômetros dali, na Rua Dr. José Higino, na Vila Oratório, os moradores tentam há dois anos junto à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) a manutenção da sinalização da via. No local, as faixas de pedestre, mão dupla e os obstáculos estão apagados. A última pintura foi feita no final da gestão do prefeito Gilberto Kassab, em 2012.

“Não somos contra a ciclovia, mas, na mesma região da cidade, por que a prefeitura escolhe manter as ciclovias, que são para uma parcela da população, e esquece de conservar a sinalização, que beneficia a todos?”, questiona o aposentado Astrogildo Menna, nascido no bairro há 83 anos. “A prioridade deve ser manter em ordem o que já existe e depois pensar em soluções para necessidades específicas. Isso também é infraestrutura e ajuda na mobilidade de todos”, argumenta.

Procurada pela reportagem, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) não informou se conta com um plano de sinalização para a cidade para os próximos anos.

Alívio para o Cantareira

Apesar do contínuo aumento do nível de água nos reservatórios do Sistema Cantareira nas últimas semanas em função das chuvas constantes em dezembro e início de janeiro, o abastecimento ainda preocupa o paulistano.

A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado promete para outubro de 2017 a entrega do Sistema de Água São Lourenço, que vai abastecer 2 milhões de pessoas na Grande São Paulo com a captação da represa Cachoeira do França, na região de Ibiúna.

Com o novo sistema, a água que hoje sai do Cantareira para abastecer as cidades de Barueri, Carapicuíba, Cotia, Itapevi, Jandira, Santana de Parnaíba e Vargem Grande Paulista poderá ser direcionada para atender a capital.

25/01/2016 – DCI