Processo, que contou com acompanhamento do Arquivo Nacional, foi apresentado pela arquivista da empresa, Sara dos Santos, em palestra no Instituto Federal do Rio Grande do Sul.
Profissionais do Arquivo Nacional realizam visitas mensais para acompanhar recuperação dos documentos da estatal
25/10/2024 – Trensurb
Além de afetar diversos sistemas do metrô, as enchentes de maio no Rio Grande do Sul também atingiram documentos fundamentais do arquivo técnico e administrativo da Trensurb, situado na sede da empresa, no Bairro Humaitá, em Porto Alegre. Os documentos danificados passaram por um processo de recuperação conduzido pela arquivista da estatal, Sara Orcelli dos Santos, com apoio do Arquivo Nacional. Bacharel em Arquivologia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e mestre em Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Sara é representante da Trensurb na Subcomissão de Coordenação do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivos do Governo Federal (Sub-SIGA), presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (CPAD) da estatal e gestora do Sistema Eletrônico de Informações na empresa. Ela foi convidada a participar de um ciclo de palestras do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) para falar da recuperação do arquivo.
Intitulada “Recuperação dos acervos arquivísticos atingidos pela enchente”, sua palestra foi realizada no campus Porto Alegre do IFRS, na terça-feira (22). Na ocasião, a arquivista apresentou uma linha do tempo retratando o impacto da enchente no acervo, destacando como a água comprometeu documentos relevantes, como manuais de manutenção, projetos técnicos de expansão da linha, relatórios de pessoal e de engenharia. A seguir, compartilhou detalhes do processo de recuperação desses materiais danificados. “Não sabemos quanto tempo os documentos ficaram submersos. Levamos mais tempo para conseguir acessar a empresa”, explicou Sara. Duas das áreas mais importantes do arquivo técnico e administrativo da empresa foram severamente atingidas: a sala principal do arquivo e o espaço do arquivo intermediário – onde ficam os documentos que não são consultados com tanta frequência, mas seguem com perspectiva de uso eventual. Durante o evento climático, 489 metros lineares – medição feita em linha – de documentos foram afetados pelas águas.
A arquivista relatou ainda que foram adotadas técnicas avançadas de secagem e restauração de papéis para recuperar o máximo possível de documentos e fotos. O uso dessas técnicas foi possível por meio da parceria com o Arquivo Nacional, que implementou uma meta de visitas mensais para acompanhar e oferecer orientações técnicas à Trensurb, além de fornecer treinamento abordando os métodos avançados de recuperação arquivística. “Antes, a relação do Arquivo Nacional com a empresa era apenas para tratar da eliminação de documentos. Hoje, com o ocorrido, estreitamos a relação e possuímos um grupo de WhatsApp em que, periodicamente, pedimos suporte e somos orientados”, acrescentou Sara.
Ao final da palestra, ela enfatizou a relevância do trabalho dos arquivistas no processo de preservação e recuperação de documentos históricos e técnicos. “No momento que conseguimos fornecer documentos da construção da empresa, mesmo que esses estejam com a aparência danificada, é possível acessar a informação, e isso valoriza o arquivo e o profissional”, concluiu a arquivista.