Setor ferroviário de passageiros caminha para recuperação

10/09/2024 – BNamericas

O volume de passageiros nas ferrovias brasileiras está se recuperando gradualmente, mas ainda segue bem abaixo dos níveis registrados antes da pandemia.

“Temos algumas notícias positivas, como o avanço dos projetos do setor e o aumento da confiabilidade dos sistemas operacionais, mas é um ponto de atenção que ainda temos um volume de passageiros cerca de 20% abaixo do que tínhamos antes da pandemia”, disse à BNamericas Joubert Flores, presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).

O setor de mobilidade urbana foi gravemente afetado pelo declínio no número de passageiros entre 2020 e 2021. No entanto, o setor não teve uma recuperação rápida após a pandemia devido a mudanças no estilo de vida, como um número muito maior de pessoas adotando o trabalho remoto.

No período de janeiro a junho deste ano, os sistemas de transporte urbano sobre trilhos registraram 1,25 bilhão de viagens, um aumento de 4,4% em relação ao mesmo período de 2023, segundo números da ANPTrilhos.

A associação também está preocupada com outras mudanças no estilo de vida que afetam a demanda por transporte público, como o aumento no uso de veículos particulares.

“O governo brasileiro precisa repensar os incentivos históricos que vêm sendo oferecidos ao setor de veículos, porque isso desestimula o uso do transporte público, aumenta a ocorrência de engarrafamentos nas cidades e gera mais poluição”, apontou Flores.

“Talvez nem precisemos falar em incentivos ao transporte público, o que precisamos mesmo é repensar o estímulo persistente ao transporte de uso privado”, acrescentou.

PROJETOS

Apesar dos tempos difíceis no setor ferroviário, os stakeholders estão otimistas com uma série de novos projetos.

A maioria deles está concentrada no centro econômico do país, o estado de São Paulo, que conta com o programa SP Nos Trilhos, lançado pelo governo estadual no início deste ano.

O estado incluiu mais de 40 projetos de transporte de passageiros no programa, envolvendo investimentos estimados em R$ 194 bilhões (US$ 34,6 bilhões) para criar uma rede ferroviária com mais de 1.000 km de linhas, com trechos intermunicipais, VLTs, urbanos e de metrô.

“É uma boa notícia termos novos projetos em andamento, e também é muito positivo que o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] esteja engajado no setor, tanto para financiar quanto para desenvolver novos projetos em outras regiões metropolitanas do país”, avaliou Flores.

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