O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) lança nesta semana um guia extenso de como as cidades brasileiras podem fazer melhorias a partir de uma integração melhor entre seus espaços e o transporte público.
O material, que pode ser acessado aqui, faz um estudo amplo de como aplicar propostas de DOT (Desenvolvimento Orientado ao Transporte) para que as cidades possam resolver duas questões importantes: serem mais inclusivas e menos poluentes.
“Buscamos mostrar como adaptar soluções usadas no exterior ao contexto brasileiro”, disse ao blog Morgan Doyle, representante do BID no Brasil. “As cidades do Brasil muitas vezes cresceram de forma acelerada e com pouco planejamento. Queremos ajudar os gestores a encontrarem soluções concretas.”
O guia detalha transformações feitas em cidades estrangeiras como Bogotá, Londres e Washington, mas também casos brasileiros, como o do Plano Diretor de São Paulo, que estimula a construção de mais moradias perto de estações de metrô e de corredores de ônibus. A elaboração também teve participação do Ministério do Desenvolvimento Regional.
Embora as mudanças propostas geralmente levem alguns anos para serem plenamente implementadas, as sugestões do guia podem ajudar as cidades a avançar em melhorias mesmo em meio à crise trazida pela pandemia.
A proposta do estudo é ajudar as cidades a se tornarem mais compactas, com moradias próximas do transporte público e das oportunidades do trabalho, e que demande viagens mais curtas no dia a dia, sem que as pessoas precisem ficar horas por dia em trânsito. Isso ajuda a reduzir a poluição e aumenta o acesso dos moradores à educação, trabalho e lazer.
Uma das estratégias do DOT é estimular um número maior de construções, como prédios mais altos, perto de estações de metrô e corredores de ônibus. Com isso, pode-se atrair mais investimentos privados e fazer com que parte destes recursos, obtidos via impostos ou taxas extras, ajude a custear melhorias públicas, como reformar calçadas e praças ou construir habitações para moradores de baixa renda.
“O objetivo é estimular o investimento privado para gerar um fluxo de receita que alivie os custos das cidades. Tem-se aí um círculo virtuoso, que promove melhoras na infraestrutura e contribui para gerar benefícios comunitários”, explica Doyle.
30/04/2021 – Folha de S.Paulo / Blog Avenidas