Expansão, contudo, depende de estudos a serem realizados e por isso não tem prazo, conforme o governo estadual
O consórcio Via Mobilidade, formado pelas empresas CCR e RuasInvest, que venceu a concorrência internacional para a concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), informou nesta segunda-feira (26), ao jornal Cruzeiro do Sul, que o contrato de concessão prevê a possibilidade de expansão do serviço até a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).
Caso o governo estadual faça essa opção, a futura concessionária será obrigada a fazer a execução de operação e manutenção deste trecho.
Ainda segundo o consórcio Via Mobilidade, a decisão sobre a realização de estudos ou da eventual expansão do serviço até a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) cabe ao Estado.
O Cruzeiro do Sul também questionou a Secretaria de Estado de Transportes Metropolitanos (STM), a qual confirma que o edital de licitação da concessão das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda prevê a expansão da linha 8 até a cidade de Sorocaba.
“Os estudos indicam paradas nas cidades de São Roque, Mairinque e na estação Brigadeiro Tobias, com parada final na estação Sorocaba. O edital não traz prazo para a implantação da expansão, pois depende de estudos a serem realizados”, destaca.
A possibilidade de expansão do serviço da CPTM até a RMS está prevista no edital de concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, publicado no dia 1º de dezembro de 2020, pela Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM).
No último dia 20, o consórcio Via Mobilidade venceu a concorrência internacional realizada na B3, a Bolsa de Valores em São Paulo, para a concessão dos dois sistemas. Conforme a CPTM, as duas linhas tem 79 quilômetros de extensão, 43 estações e transportam 1,1 milhão de passageiros por dia.
No fim do ano passado, a Secretaria de Transportes Metropolitanos já havia adiantado que o edital formalizaria a possibilidade de adicionar Sorocaba nas linhas, como um “gatilho” para que a iniciativa privada pudesse demonstrar interesse em participar desta ampliação, descrita no edital como “operação e manutenção de eventual expansão do serviço concedido em trechos que se caracterizem como prolongamento das Linhas nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e de Sorocaba”.
O governo estadual estimava conseguir pelo menos R$ 323,9 milhões pela concessão, mas o consórcio Via Mobilidade ofereceu R$ 980 milhões e venceu o leilão com ágio de mais de 202%.
A concessão será por 30 anos e o vencedor terá que investir mais de R$ 3,2 bilhões na melhoria da infraestrutura, incluindo aquisição de trens e aprimoramento das estações.
Ligação até a Região Metropolitana de Sorocaba
Os sistemas Diamante e Esmeralda interligam, respectivamente, a Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo, a Amador Bueno, em Itapevi, na divisa com São Roque, com 41,6 km e 22 estações; e a estação de Osasco a Grajaú, no extremo sul da Capital, com 32,5 km e 18 estações.
A expansão até a RMS é possível pela continuação da Linha 8-Diamante a partir de Amador Bueno, onde há trecho de 25 quilômetros inativo desde 1998, que passou a ser de propriedade da CPTM por sucessão da antiga DRM-Fepasa, até a estação de Mairinque.
De Mairinque em diante, no sentido interior, a ferrovia é federal, de propriedade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e concessionado à empresa Rumo Malha Oeste S.A. para o transporte de cargas.
A discussão sobre a chegada da CPTM até Sorocaba remete ao projeto do Trem Intercidades (TIC), sistema de trens rápidos entre os dois municípios anunciado em 2012, mas que não saiu do papel.
Mais recentemente, falou-se em expansão da rede metropolitana já existente da CPTM até a RMS, no âmbito da concessão à iniciativa privada das linhas 8 e 9.
Em março, a CPTM realizou uma audiência pública na Capital para informar detalhes do projeto de concessão e esclarecer as dúvidas da sociedade e do empresariado.
Nela, havia a expectativa de que o trem para Sorocaba pudesse ser oferecido aos investidores em conjunto das duas linhas do metropolitano, o que não ocorreu, gerando frustração e protestos da sociedade sorocabana. Ele agora consta da concessão à iniciativa privada como uma possibilidade.
27/04/2021 – Jornal Cruzeiro do Sul