A SuperVia informou, nesta quarta-feira, que ações de vandalismo e ocorrências de insegurança pública afetaram o sistema de trens do Rio nos primeiros seis meses deste ano, mesmo em meio à pandemia do coronavírus. Segundo a concessionária, no primeiro semestre de 2020, foram registradas 247 casos de vandalismos e furtos de cabo contra o sistema ferroviário. Segundo a empresa, foram registrados 66 furtos de cabos de energia e sinalização, o que representa aumento de 40% em relação ao mesmo período de 2019, quando foram contabilizados 47 casos.

No total, foram retirados da ferrovia 4.162 metros de cabos. Em nota, a concessionária informou que gasta cerca de R$ 5 milhões por semestre com recuperação de vandalismo e R$ 3 milhões para substituição de cabos furtados.

Os furtos de cabos 2020 resultaram em 16 prisões. A área de Inteligência da SuperVia monitora os locais com maior incidência de casos e trabalha junto com as forças policiais na investigação para localizar as quadrilhas que cometem esses crimes.

A SuperVia reforçou que a retirada dos cabos da via pode provocar desde atrasos até a interrupção temporária do tráfego por medida de segurança, uma vez que os trens passam a ser licenciados por rádio e não pelo sistema automático ATP (Automatic Train Protection), equipamento que reforça o sistema de sinalização da via.

Vandalismos contra os trens

De janeiro a junho de 2020, a SuperVia já contabilizou 58 ocorrências de janelas e visores de porta arrancados durante as viagens; 11 para-brisas danificados por pedradas; duas câmeras de monitoramento vandalizadas; 26 casos pichações/grafitagens e 81 furto de materiais dentro dos trens. Em relação a janelas e para-brisas, quando esses itens vandalizados precisam ser trocados, os trens saem de circulação durante, no mínimo, dois dias para a substituição.

Vandalismos e furtos de álcool em gel 70%

Com as novas recomendações por conta do coronavírus, a empresa disponibilizou dispensers e totens de álcool em gel 70% nas estações para utilização dos clientes. Até o fim de junho, foram registrados 54 furtos e 166 vandalismos contra dispensers, e 5 furtos e 43 vandalismos contra totens, totalizando 268 ocorrências contra os equipamentos.

15 tiroteios prejudicaram a circulação

No total, 15 tiroteios nas proximidades da linha férrea afetaram a circulação dos trens no período, a maioria no ramal Saracuruna (10 ocorrências). O registro mais recente foi em 24 de junho, em Cordovil (ramal Saracuruna), onde trens precisaram aguardar ordem de circulação por 11 minutos. Ao todo, foram 9h56m de alterações no sistema.

Em 2019, nesse mesmo período, foram 37 ocorrências de tiroteios que prejudicaram a operação. Nesses casos, os trens podem aguardar ordem de circulação em estações seguras ou a circulação do ramal pode ser parcialmente suspensa. Quando o tiroteio cessa, a concessionária realiza vistorias em cabos da rede aérea para garantir a retomada da operação em condições adequadas.

“Os números mostram que o trem continua sendo uma das principais vítimas da violência do Rio de Janeiro. Operamos um sistema com 270 km de extensão, e por todo esse trecho enfrentamos ações radicais contra o sistema ferroviário, aparentemente sem qualquer motivo. Além dos vandalismos, ainda sofremos com os tiroteios em várias regiões que nos obrigam a parar os trens para evitarmos riscos a passageiros e funcionários. É um desafio diário seguir prestando um serviço de transporte com qualidade nessas condições. Mas somos resilientes, não podemos parar, porque a SuperVia é muito importante para milhares de trabalhadores, estudantes e tantos outros moradores da Região Metropolitana do Rio”, explicou Alexandre Jacob, Diretor de Operação e Manutenção da SuperVia.

A SuperVia informou que repudia essas ações e que os agentes de controle da concessionária não têm poder de polícia e são orientados a realizar rondas periódicas e a acionar os órgãos competentes sempre que necessário.

02/07/2020 – O Dia