Vicente Abate, presidente da ABIFER- Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, concedeu entrevista ao Via Trolebus e falou do cenário e das ações do setor frente à crise sanitária/econômica. A entrevista foi gravada e está disponível na íntegra no vídeo acima.

Vicente comentou que há riscos para queda na demanda de vagões ferroviários no segundo semestre deste ano, e prevendo vazios de encomendas, o setor busca com o governo federal, através do BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento, que se conceda um financiamento emergencial em condições especiais para as concessionárias de carga adquirirem material rodante.

“Nós entramos em contato com o BNDES. Como já fez algumas ações para outras áreas, a nossa também são de serviços essenciais. O serviço ferroviário é essencial, então a industria que fornece para esse mercado não deixa de ser essencial” – diz Vicente.

Setor já estava em crise

O diretor da ABIFER disse também que o transporte de carga no Brasil não teve interrupção, diferentemente dos transportes sobre trilhos que tiveram redução nas viagens por conta da queda na demanda, fruto do isolamento social. Vicente menciona que a industria produtora de trens já vinha enfrentando problemas.

“No lado da industria, nós temos a industria trabalhando também, não em uma situação normal, porque ela já vem sofrendo mesmo antes da crise com falta de encomendas. Nós trabalhamos no ano passado, lamentavelmente, com uma ociosidade muito alta, tenho pontuado isso, o que fez com que nós perdêssemos nos últimos três anos cerca de 4 mil funcionários em um universo de 20 mil”, diz Vicente.

34 trens para CPTM e 44 para o Metrô

O diretos da ABIFER ainda falou sobre a aquisição de novos trens para o Metrô de São Paulo e para a CPTM. No Metrô, são previstos 44 trens, sendo 22 para extensão da Linha 2-Verde entre Vila Prudente e Penha, e os outros 22 para reforço na própria linha 2 e nas linhas 1 e 3.

Já sobre a CPTM, é esperado uma compra de 34 novas composições, que segundo Vicente, poderá ser adquirida pelo novo concessionário das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda. Vicente diz que crise poderá impactar na compra que será feita pelo Metrô:

“Na colocação das concessões das Linhas 8 e 9 para a iniciativa privada, os 34 trens serão comprados pela concessionária, então eles sairiam da alçada do estado, com isso é uma preocupação a menos. Mas o Metrô poderá sofrer”, pontuou Vicente Abate.

20/04/2020 – Via Trolebus