Um dos principais meios de transporte do Rio é alvo constante de ações de vandalismo. Trens da SuperVia costumam ficar fora de operação por conta de pedradas no para-brisas, destruição de janelas e roubos de cabos de energia.
O para-brisas de um dos trens tinha 33 marcas de pedradas. A peça de R$ 20 mil, que deveria durar 35 anos, não resistiu a dois meses de uso. O processo para substituição demora dois dias – durante esse período, a composição deixa de circular, prejudicando o transporte de 2,4 mil passageiros.
“Fica até difícil de imaginar ou conceber esses atos de vandalismo. É uma depredação do patrimônio público, é colocar em risco a vida de outras pessoas. É muito difícil imaginar o que leva uma pessoa a pegar uma pedra e, a troco de nada, arremessá-la contra um trem”, disse o diretor de Operação e Manutenção da SuperVia, Alexandre Jacob.
Segundo dados da SuperVia, no passado 53 para-brisas foram atingidos por pedras e outros 47 acabaram pichados.
Ainda e acordo com a concessionária, em 2019, 298 janelas visores foram destruídos – 112 ocorrências a mais que em 2018.
“A segurança ferroviária é uma atribuição do Estado – mantemos parceria com a polícia. Mas apesar de todo o esforço para nos atender, o efetivo é muito pequeno: são cerca de 90 policiais para cuidar de 270 quilômetros de ferrovias e mais de 100 estações”, enumerou Jacob.
Em 2019, a SuperVia também registrou o furto de 7.147 metros de cabos de energia e sinalização – equivalente a mais de 10 vezes a extensão da passarela do samba, na Marquês de Sapucaí. Treze pessoas acabaram presas.
O gasto total da SuperVia com furtos e vandalismo chegou a R$ 10 milhões. O prejuízo maior, no entanto, fica para o usuário.
“A população precisa entender que, quando ela depreda um trem, está prejudicando ela mesma”, argumentou Jacob.
Violência
Não bastasse a depredação, os trens da concessionária tiveram a circulação interrompida por 70 horas ao longo de 2019 por conta de tiroteios nas ferrovias.
“Os ataques a trens e os roubos de cabos são delitos de difícil prevenção porque partem do princípio da oportunidade. O criminoso espera o momento oportuno para poder agir. Por isso, procuramos fazer ações pontuais baseadas em dados de inteligência”, argumentou o major Wagner Marques, comandante do Grupamento de Polícia Ferroviária da Polícia Militar.
Ele admitiu que gostaria de ter mais policiais no efetivo do grupamento, mas explicou que o trabalho de prevenção a crimes não é feito apenas pelo sua unidade.
“As linhas ferroviárias atravessam as áreas que estão sob responsabilidade de outros batalhões. Nossas ações são feitas em conjunto com essas unidades”.
21/01/2020 – Bom Dia Rio