Witzel diz que mobilidade urbana será prioridade no seu segundo ano de governo

O governador Wilson Witzel afirmou, nesta sexta-feira, que a prioridade do seu governo em 2020 é a mobilidade urbana da Região Metropolitana do estado. A declaração foi dada durante uma entrevista à CBN, onde Witzel fez um balanço do seu primeiro ano de mandato. O governador comentou também sobre os índices de violência no estado, destacando Angra dos Reis e Região dos Lagos, a reformulação das UPPs e o caso Marielle. Além disso, Witzel negou um distanciamento de Marcelo Crivella e confirmou candidatura própria do PSC para a prefeitura do Rio este ano. Ele deu nota 9 para seu secretariado, afirmando que o 10 “é difícil ser alcançado”.

— Eu pretendo mexer na mobilidade urbana da Região Metropolitana. Já determinei a constituição de um grupo de especialistas para estudar um modelo de rearranjo da malha urbana. Minha proposta é entregar os detalhes em 90 dias — afirmou ele, à CBN Rio, nesta sexta-feira.

Witzel também falou sobre as obras da estação de metrô da Gávea, que integra a Linha 4. Em novembro do ano passado, uma decisão da 16ª Vara de Fazenda Pública revogou a liminar que impedia o governo de investir recursos próprios na construção. Segundo Witzel, a retomada das obras vai acontecer este ano. Porém, ele não deu uma previsão de quando elas serão concluídas, deixando claro que isso não deve ocorrer até 2022.

— É difícil dizer que (a estação) vai ser entregue no meu governo. Mas que vamos ter uma decisão este ano, nós vamos. Temos reservado o início dessa obra. Podemos gastar R$ 300 milhões. É muito dinheiro, mas é preciso fazer para evitar problemas estruturais. Só estamos vendo com as construtoras. Nem todas querem continuar no processo de construção.

Sobre a violência no estado, o governador disse que reduzir índice de letalidade da polícia significa retirar armas dos criminosos. Ele também acrescenta que desarticular o crime organizado será fundamental para reduzir a violência no estado. Witzel comentou ainda sobre a segurança em Angra dos Reis, na Costa Verde fluminense, e na Região dos Lagos.

— Temos que impedir a entrada de armas e munições no Rio. Nós montamos a barreira fiscal e vamos começar o projeto Segurança Presente nas estradas. Em 2019, foram R$ 80 milhões apreendidos do crime organizado. Este ano teremos muitas operações policiais. Desarticular o tráfico será fundamental para reduzir a violência. Desde o início do ano nós estamos fazendo operações em Angra. É possivel vislumbrar uma ocupação com UPP lá, mas num outro modelo. Estamos pensando até em mudar o nome. Queremos deixar um legado social.

Witzel falou sobre as UPPs e uma possível reestruturação do modelo.

— A população tem que ter medo do criminoso, não da polícia, que está lá para agir da forma mais preparada possível e proteger a vida do ser humano. Vamos modificar o modelo de UPP, incluindo ações sociais. Vamos melhorar a estrutrura. Os conteineres são inaceitáveis. A Faetec estará presente. Vamos contratar professores e médicos de comunidades. O jovem que quiser voltar a estudar terá uma atenção especial.

Sobre as próximas eleições municipais deste ano, o governador garantiu que o seu partido terá uma candidatura própria. Cogita-se o nome da juíza Glória Heloíza, que tem atuado como desembargadora eleitoral.

— O partido está avaliando as candidaturas. No Rio, estamos fazendo pesquisas e ouvindo a opinião pública, que pede um nome novo. A candidatura da Glória depende mais dela do que de mim — afirmou ele, citando a corrida presidencial de 2022. — Sou candidato a governar bem o Rio, que deve chegar em 2022 no azul. Estamos equacionando esse problema. 2022 passa por 2020, que precisa ter bons prefeitos.

Witzel também negou um distanciamento de Marcelo Crivella.

— A relação com ele (Crivella) é a mesma que mantenho com qualquer prefeito. Eu sou um governador que estou ajudando todas as prefeituras. Me coloquei à disposição para colocar R$ 40 milhões para as obras do Sambódromo. Aquele equipamento fica parado o ano inteiro e pode ser utilizado. É uma área que pode funcionar o ano inteiro, para todo o estado. Precisa de reformas estruturais. É importante para a cultura.

O governador ainda falou sobre o radicalismo relacionado ao seu governo e citou a relação com o filho transgênero, o cozinheiro Erick Witzel.

— Eu apoio aquilo que é bom, que faz parte do nosso projeto de melhorias para a população. Recebo todos os deputados que quiserem conversar comigo, não sou intolerante com ninguém. Sou defensor daquilo que dá certo. Sou defensor de boas ideias, sejam elas de quem for. Nunca fui adepto de radicalismos. Cito meu filho, que já foi espancado por quem não aceita o outro ser diferente. Jamais partiria para extremismos.

Sobre as investigações do Caso Marielle Franco, Witzel afirma que a Polícia Civil tem a obrigação de dar uma resposta à sociedade e que a solução do caso foi uma preocupação no momento em que ele assumiu o governo estadual. O governador também citou uma sugestão dada no momento em que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz viram réus.

— A investigação de homicídios precisa melhorar cada vez mais. É preciso dar uma resposta à sociedade. Eles (investigadores) comentaram comigo sobre a linha de investigação, que queriam encontrar os mandantes do crime. Na Justiça Federal, uma linha de investigação consistente deve encerrar uma fase e abrir outra. Foi isso que sugeri. A Polícia Civil tem total condições de esclarecer o caso. E o crime pode não ter mandante.

03/01/2020 – O Globo