Encomenda de trens da CPTM e do Metrô devem levar em conta o material nacional, avalia Abifer

Pelas previsões feitas ao final de 2018, acreditava-se que os baixos volumes de entregas de vagões de carga, locomotivas e carros de passageiros em 2019 seriam os menores dos últimos 10 a 12 anos. Consideradas as entregas realizadas até outubro, as previsões se confirmaram, com a agravante de que os volumes serão ainda menores que os previstos.

Segundo Vicente Abate, diretor do SIMEFRE (Sindicato Interestadual de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários) e presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), o volume de vagões de carga a ser entregue em 2019 deverá situar-se abaixo das mil unidades (contra 2.566 vagões em 2018). Serão apenas 34 locomotivas (contra 64 em 2018), cinco exportadas para o Chile. E 104 carros de passageiros (contra 312 carros em 2018), sendo 80 também para o Chile. “A ociosidade da indústria ferroviária encontra-se perto de dramáticos 90%, com poucas possibilidades de ser melhorada no curto prazo”, informa Abate.

Na área de passageiros, a indústria completou seis anos sem qualquer encomenda significativa no mercado doméstico (foram apenas 48 carros fabricados no Brasil para a SuperVia, além de 64 importados pela CPTM), sobrevivendo hoje de algumas exportações. “Espera-se, entretanto, que a encomenda dos equipamentos para a Linha 17 – Ouro do Metrô SP, recém-licitados, seja confirmada para a indústria nacional”, pontua Massimo Giavina, vice-presidente do SIMEFRE e membro do Conselho da ABIFER.

O lançamento do RETREM pelo MDR – Ministério do Desenvolvimento Regional, em junho passado, trouxe um alento para os fabricantes de carros de passageiros, na esperança de que as concessionárias viessem a adquirir novas frotas ou modernizar as frotas atuais, o que não se concretizou pela falta de previsão em seus orçamentos.

“Para 2020 aguardam-se as licitações para 34 trens da CPTM e 44 trens do Metrô SP. Importante salientar a luta do nosso setor por isonomia tributária entre trens nacionais e importados. Estados têm aplicado a imunidade tributária na importação, levando a uma concorrência injusta com o produto nacional, suprimindo empregos e renda no Brasil. Estão preterindo o nacional, com ampla base instalada, de melhor qualidade e mão de obra qualificada, em favor do estrangeiro, de pior qualidade e inexistência de assistência técnica ou materiais de reposição”, avalia Giavina.

Área de carga

Já na área de carga, o TCU – Tribunal de Contas da União aprovou, em reunião plenária de 27 de novembro, o Acórdão para a renovação antecipada da Rumo Malha Paulista, que se tornará paradigma para as demais concessões. “Com isso, o volume de vagões poderá se elevar para cerca de 2 mil unidades em 2020. As locomotivas, porém, continuarão com volume baixo, de apenas 40 unidades. A quantidade de carros de passageiros será de somente 126 unidades, sendo quase 70% delas destinadas para exportação ao Chile”, informa Abate.

Expectativas para o ano de 2020

O ano de 2020 será, sob todos os aspectos, um divisor de águas para a indústria ferroviária nacional, com a realização de volumes maiores de veículos, componentes e materiais para via permanente, a partir de 2021/22. “Acreditamos e confiamos na aprovação de todas as renovações antecipadas, nas expansões das vias ferroviárias de carga e de passageiros e no bom senso das autoridades de governo em preservar a indústria ferroviária instalada no País, sob pena de continuarmos a operação de desmonte desta importante indústria, com perda ainda maior de mão de obra qualificada”, conclui Abate.

13/12/2019  – Rede Noticiando