Ossadas são encontradas no Centro do Rio durante as obras do VLT

Arqueólogos descobriram ossadas de 15 pessoas que viveram na cidade no século 18. Especialistas acreditam que pertenciam à elite carioca.

Durante as escavações da obra do VLT, arqueólogos descobriram ossadas de 15 pessoas que viveram no Rio de Janeiro no século 18. Acredita-se que eles pertenceram à elite carioca já que foram sepultadas dentro da Igreja de São Joaquim.

A construção foi erguida em 1758 e demolida em 1904 durante as reformas determinadas pelo então prefeito Francisco Pereira Passos, que administrou a cidade do Rio entre 1902 e 1906.

A igreja ficava atravessada onde hoje existe a Avenida Marechal Floriano. O local se transformou em um ponto turístico, cheio de curiosos. As ossadas estão próximas à superfície e pessoas se aglomeram para vê-las.

“Realmente, uma descoberta que estamos de queixo caído respeitando muito a história por que a gente, às vezes, não sabe onde está pisando e olha que bonito. Valeu a pena trazer minha filha para ver isso aqui”, afirmou Marcos Vilarreal, artista de circo.

“Muito interessante, um resgate da história e um lembrete da nossa própria mortalidade também”, analisou o engenheiro Tiago Bouzan.

As ossadas serão retiradas e analisadas em um laboratório. Os estudos podem até levar à identificação das pessoas que foram sepultadas aqui.

“Quando eles são retirados, eles precisam secar lentamente para que não se estraguem, não lasquem, não fiquem danificados. E depois, começam todas as pesquisas e a tentativa de identificar idade, sexo. Algumas evidências de doenças que ficaram registradas e também uma procura em documentos históricos para tentar identificar quem são essas pessoas”, contou a arqueóloga Madu Gaspar.

De acordo com a arqueóloga Cristina Leal, do Iphan, os ossos vão ser levados para um laboratório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) para limpeza e estudos.

A Linha 3 do VLT liga a região da Central do Brasil à Avenida Rio Branco. No trecho de um quilômetro foram encontrados três sítios arqueológicos. Uma entre as ruas Camerino e a Visconde da Gávea.

Já o sítio da Igreja São Joaquim fica entre as ruas Camerino e Uruguaiana. Há ainda um último sítio no Largo de Santa Rita.

A Igreja de Santa Rita foi a sede da terceira paróquia criada do Rio Colonial. A construção que começou em 1719 inaugura o estilo rococó no Brasil. Foi também a primeira igreja do país em homenagem à Santa Rita, conhecida como “Santa do Impossível”.

O VLT vai passar na porta da igreja e em cima de um antigo cemitério, onde eram sepultados os escravos recém-chegados da África. Um cemitério de pretos novos, que funcionou no local por mais de 40 anos no século 18, antes de ser transferido para a região do Valongo.

“Nessa região em frente à igreja no terreiro há documentacao de 1776 onde se fazem estatísticas sobre o numero de enterramentos que haveria aqui na região. O número da documentação fala de uns 200, mais ou menos, no semestre. É uma fotografia daquele ano. É dificil dizer o número total porque a gente precisaria definir quando começaram os sepultamentos aqui”, explicou o historiador João Carlos Nara Júnior.

23/08/2018 – G1 RJ