A depredação de linhas, trens e estações é um dos grandes problemas enfrentados pela SuperVia no Rio de Janeiro. É o que afirma o diretor de Operações da empresa, João Gouveia. Segundo ele, o dinheiro aplicado no conserto de para-brisa, reparação de portas, janelas, remoção de pichações, manutenção de escadas rolantes e reposição de cabos elétricos chega a R$ 10 milhões por ano. Deste montante, R$ 6 milhões é direcionado apenas para a questão do reparo de cabeamentos.
“No primeiro semestre deste ano, tivemos uma diminuição de 10% a 12% no número de casos em comparação aos últimos seis meses de 2017. Mesmo assim, foram 335 ocorrências em 2018 e continuamos trabalhando para que o número diminua”, explicou o diretor, que afirmou não ter um único para-brisa sem danos entre os 100 trens chineses, adquiridos pela concessionária entre 2012 e 2016.
Gouveia também falou sobre as dificuldades na realização das manutenções, que precisam ser extremamente rápidas para que um trem não saia de circulação por longos períodos. Um dos reparos mais complicados envolve a recolocação dos cabos. “Quando há um furto de cabeamento, perdemos o automatismo do Centro de Controle Operacional e os operadores dos trens precisam sempre solicitar passagem, perguntando se é possível seguir viagem. Isso torna as viagens mais demoradas e quebra todo o processo de operação da SuperVia”.
Entre as campanhas educativas contra as depredações do patrimônio público, João Gouveia destaca a parceria com o Disk Denúncia. Por meio de campanhas de rádio, TV e internet, a SuperVia estimula o contato do usuário para delatar problemas nas estações e nos trens. “É preciso que a própria população nos ajude. Temos um departamento de comunicação muito forte, principalmente nas redes sociais. Por meio dos relatos, conseguimos identificar pessoas que estão depredando o patrimônio público e cometendo qualquer outro ato ilegal”, explicou Gouveia.
O diretor também destacou a parceria com Programa Estadual de Integração da Segurança (PROEIS). “Os policiais militares trabalham paramentados em nossas estações e trens. O Grupamento de Policiamento Ferroviária (GPFer) também estão sempre presentes e também disponibilizamos agentes de controles, que ficam na plataforma fiscalizando. Dentro dessa estrutura, estamos conseguindo identificar quem comete estes atos e analisando porque fazem isso”. De acordo com a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro em dados divulgados em 2016, a SuperVia tem um contrato de R$ 1,3 milhão com os policiais por meio do PROEIS. O acordo prevê que sejam cobertos 726 turnos dentro das estações.
Outras medidas
Entre as ações realizadas em busca da diminuição dos casos de depredação, a SuperVia também está reforçando a segurança em dias de grandes eventos, como jogos de futebol que envolvem grandes torcidas, explicou João Gouveia. “A fiscalização é maior dentro dos trens e também ao redor das estações. Identificando a presença de pedaços de pau, pedras ou qualquer outro elemento que possa ser utilizado para atacar o patrimônio, os suspeitos são impedidos de prosseguir viagem. O apoio da Polícia Militar do Rio de Janeiro também é muito importante nestes momentos”.
Também já foram realizadas exposições na estação Central do Brasil, em que os usuários pudessem ter contato com itens depredados, como para-brisas. “As pessoas precisam cuidar do patrimônio público. Foi também uma forma de conscientizar para o problema e pedir a ajuda de todos. Estamos insistindo neste tipo de contato direto com o usuário e pedindo para que ele colabore conosco”, completou João Gouveia.
10/08/2018 – Revista Ferroviária