O governo do Estado encomendou um estudo para atestar que o trem Intercidades, que vai transportar passageiros entre Americana e São Paulo, pode usar os mesmos trilhos que hoje servem ao transporte de cargas. Segundo o presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), Cauê Macris (PSDB), o compartilhamento, sem a necessidade de construção de uma segunda linha, deixaria o custo do projeto 40% menor. O prazo de entrega do estudo é de 90 dias.

O projeto do trem Intercidades prevê trajeto entre Americana a São Paulo em 50 minutos. O trecho de 135 quilômetros passaria por Campinas e Jundiaí, e foi anunciado pelo governo em 2013. A ideia é construí-lo por meio de PPP (Parceria Público-Privada). O lançamento da licitação para o trecho inicial está previsto para agosto deste ano.

Inicialmente projetado para R$ 5,4 bilhões, o custo foi depois revisto para R$ 6,5 bilhões, de acordo com o presidente da Alesp e ex-líder do governo Alckmin na Casa legislativa. Segundo Cauê, a possibilidade de redução no preço foi verificada após visita de técnicos do Bird (Banco Mundial) ao Estado, em setembro. Agora, o estudo encomendado pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) deve atestar a viabilidade.

Com o estudo em mãos, o Estado propôs ao governo federal, que detém o poder sobre o transporte de cargas, o compartilhamento das linhas. “O estudo comprovou que pelo fluxo dá pra compartilhar a mesma linha. Eles estão remodelando o projeto frente aos 40%”, afirmou Cauê ao LIBERAL.

O governo do Estado não confirmou nem negou a informação do presidente da Alesp. Afirmou apenas que o estudo está começando e que projeções mais “sólidas” serão divulgadas no decorrer do trabalho.

O especialista em transportes Creso de Franco Peixoto, professor da Faculdade de Engenharia de Civil da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que o compartilhamento da malha férrea entre transporte de cargas e passageiros é viável. Porém, diz Peixoto, é necessária uma ampla reforma, com troca de trilhos e substituição dos dormentes de madeira por estruturas de concreto, para que a linha férrea suporte os impactos de mais trens – e mais rápidos, com velocidade de até 120 km/h, segundo previsões já divulgadas pelo governo.

De acordo com Peixoto, o valor previsto no projeto, mesmo que haja a redução de 40% citada por Cauê, é suficiente. “Dá 10 milhões de dólares por quilômetro. É um orçamento relativamente bem largo pra fazer uma manutenção plena”, afirmou. Um dos objetivos do trem de passageiros é desafogar as rodovias, afirma o Estado.

27/02/2018 – O Liberal