CCR analisa novos negócios em mobilidade no Brasil e no exterior

A CCR estuda novas oportunidades de licitação em mobilidade urbana no Brasil, como as linhas 5 e 17 do Metrô de São Paulo, a linha 15 (monotrilho) e as linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

O governo paulista também estuda transferir à iniciativa privada as linhas 10, 11, 12 e 13 da CPTM — o que está no radar da empresa, segundo informou nesta quarta-feira (22) o presidente da CCR Mobilidade, Leonardo Vianna, durante o CCR Day, realizado com investidores em São Paulo.

A CCR olha com cuidado ainda projetos em Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Brasília e Argentina, afirmou. O executivo citou o metrô de Bogotá, na Colômbia, que, “tudo indica”, será licitado nos mesmos moldes da Linha 4 – Amarela, operada pela ViaQuatro, da qual a CCR é acionista.

Neste modelo, o governo constrói a infraestrutura e repassa a superestrutura e a operação para o investidor privado. “Temos todo interesse, por ser um modelo que já testamos e possuímos experiência”, disse Vianna.

Desequilíbrio

No que se refere à concessão da ViaQuatro, o desequilíbrio gerado no contrato já chega a R$ 1,2 bilhão, disse o executivo. Segundo ele, o governo entregou apenas uma das estações previstas na segunda fase.

“Isso gerou um desequilíbrio de R$ 1,2 bilhão. Entramos com uma arbitragem para discutir”, afirmou.

Em março de 2018, vence o prazo para a entrega de mais estações. Caso isso não ocorra, um novo desequilíbrio será gerado, afirmou Vianna.

Custo de capital e “novo ciclo”

Ao ser questionado por investidores sobre a competição por ativos com investidores internacionais, o diretor de relações com investidores da CCR, Arthur Piotto Filho, disse que o custo de capital é um “problema que carregamos”. Sobretudo investidores financeiros, que têm acesso a capital a custo mais baixo.

“Mas isso é muito caso a caso e a participação da CCR [em novos negócios] vai se dar de forma muito seletiva”, disse Piotto.

A CCR está concluindo um ciclo de investimentos e está próxima de começar um novo, disse o presidente da companhia, Renato Vale. De 2012 a 2016, a empresa investiu em cinco novos projetos, aumentando seu portfólio sobretudo em mobilidade urbana e aeroportos.

“Estamos próximos de iniciar um novo ciclo de investimentos. Os pilares são disciplina de capital, crescimento qualificado e gestão de pessoas”, listou Vale.

A empresa fez no início do ano uma oferta subsequente (“follow on”) em que captou R$ 4 bilhões, a maior parte mantida em caixa.

Segundo Piotto Filho, a empresa pretende manter a estrutura atual de fontes de financiamentos para os investimentos futuros.

Para investimentos de curto prazo, até três anos, a empresa recorrerá ao crédito bancário; no médio prazo (três a sete anos), a fonte será bancária e mercado de capitais; e acima de sete anos, BNDES, mercado de capitais, FI FGTS, IFC e BID, entre outros.

“A CCR surfou bastante bem a onda do mercado de capitais nos últimos anos, principalmente quando a Selic baixou”, destacou Piotto Filho. Hoje, entre 80% a 90% dos acionistas da CCR na bolsa são do exterior.
22/11/2017 – Valor Econômico