Trem Intercidades vai priorizar Campinas-SP

O projeto de implantação do Trem Intercidades vai sofrer uma alteração importante. A prioridade será ligar São Paulo a Campinas, deixando a extensão até Americana, para uma segunda fase, informou ontem o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy. Ele afirmou que as dificuldades para o uso da malha operada pela Rumo Logística no trecho até Americana, que tem grande densidade de cargas, e torna o compartilhamento inviável com trem de passageiros, poderiam inviabilizar todo o projeto.

A primeira fase vai exigir investimentos de cerca de R$ 7 bilhões, dentro de uma parceria público-privada. O governo mantém a previsão de lançar, até o final do ano, um chamamento para a implantação do TIC por meio de uma PPP. “O trem chegará até Americana, mas no futuro”, afirmou.
Na próxima quarta-feira, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, se reunirá em São Paulo com o governador João Doria (PSDB) para discutir o projeto e definir o cronograma de ações que serão necessárias para colocar o Trem Intercidades em licitação.

O projeto da Capital a Campinas prevê dois tipos de serviço. Um, expresso, que circulará em trecho de 102 quilômetros, com três paradas (Barra Funda, em São Paulo, Jundiaí e Campinas), com tempo de viagem estimado em 60 minutos. Outro, da linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), terá serviço parador, para atender Valinhos, Vinhedo, Louveira e Jundiaí e que se integrará com a linha 7 em Francisco Morato. O parador terá 65 quilômetros de extensão e nove paradas. A linha 7, no trecho Luz-Jundiaí terá 60,5 quilômetros, com 18 estações e demanda de 442 mil passageiros por dia.

Trecho sem amarras

O uso compartilhado entre trens de carga e de passageiros na ferrovia entre Jundiaí e Campinas não enfrentará problemas, porque a Rumo já assinou um termo de compromisso com o governo do Estado, quanto a utilização do trecho.

É uma ligação que tem maior vocação para o transporte de passageiros, por ser contíguo ao trecho da CPTM e também por ter o maior contingente populacional. Segundo a concessionária, esse trecho tem pequeno tráfego de cargas e pode ser compartilhado.

Exigência

Na quarta-feira, o ministro de Infraestrutura anunciou na audiência da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, que o governo vai impor, entre as condicionantes para prorrogar a concessão ferroviária da Rumo Logística, a liberação da faixa de domínio da ferrovia, para implantar o Trem Intercidades (TIC).

O governo e a Rumo estão negociando a renovação antecipada da malha paulista, trecho ferroviário que opera no Interior de São Paulo. Segundo o ministro, essa é uma grande oportunidade para viabilizar o TIC porque a administração pública precisa anuir a prorrogação, o que dá ao governo certo poder de barganha.

O posicionamento do governo, anunciado pelo ministro, deixou público o esforço conjunto para a implantação do trem de passageiros de média velocidade. “Na quarta-feira já vamos definir todos os encaminhamentos que serão dados para poder licitar o projeto”, disse.
Bird

O governo do Estado já está trabalhando com o Banco Mundial (Bird) na estruturação financeira da ferrovia a partir de estudo de algumas modelagens (técnica, jurídica, econômico-financeira) para viabilizar a implantação do TIC. O governo busca a que for mais rápida, menos burocrática e mais benéfica aos usuários.

A utilização dos trilhos já existentes vai pular etapas. “Se tivéssemos que construir uma nova ferrovia, precisaríamos de licenciamento ambiental, de desapropriações”, afirmou. Também estão sendo feitos estudos de demanda, de possibilidades de receitas acessórias ao concessionário.

05/04/2019 – Correio Popular

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