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Cadê o condutor? Entenda a tecnologia por trás do metrô que anda sozinho

Linha do metrô em São Paulo foi primeira a funcionar sem condutor

A ideia de existir um metrô que funciona sem “motorista” ainda causa estranhamento para algumas pessoas. Como garantir que ele não vai bater no trem da frente? Como assegurar que ele vai chegar na próxima estação de um modo seguro? Ele é mais rápido do que o trem conduzido por uma pessoa de carne e osso?

As dúvidas são inúmeras. Mas existe uma certeza: uso da tecnologia se tornou tendência e a expectativa de especialistas é que as cidades terão cada vez mais e mais transportes funcionando assim.

O Brasil foi o primeiro país da América Latina a ter um exemplo prático desse sistema.

Se você estiver na cidade de São Paulo, vá até a linha 4-Amarela do metrô. Será possível ver de perto como os trens inteligentes funcionam. Todas as composições se deslocam sem a necessidade de um condutor, mas a tecnologia vai além disso.

Antes de desvendar como tudo funciona, é preciso esclarecer que o sistema metroviário de várias cidades, incluindo o de São Paulo, já é inteligente e trabalha com modos automatizados.

Em casos assim, o condutor acaba servindo mais para entrar em ação em caso de necessidade. Os trens já andam praticamente sozinhos.

A diferença com o transporte sem condutor é que ele envolve uma tecnologia muito mais avançada e precisa. Conhecido como driverless (sem motorista), o sistema funciona com grande autonomia para tomar decisões.

Segundo Fernando Castro Pinto, engenheiro mecânico e professor da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os trens possuem geralmente sensores de proximidade, transmissores de localização e câmeras.

Tudo se transforma em dados e eles são transmitidos em tempo real para um grande sistema de computador capaz de organizar e direcionar automaticamente toda a dinâmica de funcionamento do sistema metroviário. Outras informações como o consumo de energia e funcionamento do ar condicionado também são transmitidas.

Na prática, cada trem sabe exatamente o que deve fazer. “A central de controle sabe onde está todo mundo. O trem B não vai partir se o trem A estiver parado. Cada um tem acesso a localização do outro. Quanto mais informações a central tiver, maior as chances de o sistema tomar decisões e saber coisas”, explica o professor.

Imagine o horário de pico começou. A central de controle automaticamente entende que o tempo de deslocamento entre um trem e outro precisa ser reduzido. Com essa informação, cada composição começa a recalcular a sua velocidade média para atender a demanda.

Ao mesmo tempo, os trens sabem que, ao chegar nas estações, será preciso ficar um pouco mais de tempo com as portas abertas para a entrada dos passageiros. Também tomam ciência de que vão precisar acelerar dentro do túnel para compensar.

Outro exemplo interessante é que o trem pode perder a comunicação com a central de controle em uma situação anormal. Mesmo assim, ele consegue manter um nível de segurança.

Se os sensores da composição detectarem que existe algo diferente nos trilhos, o computador de bordo analisa os riscos (pode ser um objeto pequeno ou até uma pessoa) e um alerta vai para a central de comando. Dependendo do caso, a viagem é interrompida automaticamente.

Você tem a possibilidade de usar sensores com ultrassom, meio parecido com o sensor de ré que ajuda na hora de estacionamento o carro, e ainda sensores do tipo radar, que emitem pulsos e conseguem identificar a distância de um objeto”, explica o professor.

“O sistema de radar é mais parecido como o usado pelos veículos autônomos. As ondas eletromagnéticas são transmitidas. Se existe algum obstáculo, as ondas ‘batem’ e refletem alertando o sistema”, acrescenta.

Tudo isso é feito de uma forma autônoma, proativa e considerando os aspectos necessários de segurança, destaca o professor Rafael Castelo, do departamento de engenharia da FEI.

Humanos com papel importante

Apesar de toda autonomia dos trens, existem profissionais humanos acompanhando tudo de perto. Eles funcionam como supervisores e ficam em alerta para tomar decisões em caso de necessidade.
“Tudo que é operado pelo computador também tem uma redundância que pode ser controlada pelo ser humano. Se ele percebe que precisa aumentar, reduzir a velocidade ou que há uma aproximação entre as composições, ele tem total autonomia para entrar em ação”, explica Castelo.

Trens são mais seguros?

A resposta para a pergunta é um pouco complicada. A tecnologia usada é realmente mais precisa e eficaz do ponto de vista estatístico. Ela não depende do estado de saúde do condutor e possíveis distrações, por exemplo.

A máquina aprende que é preciso funcionar de determinada forma e vai funcionar assim.

No entanto, o professor da UFRJ lembra que, mesmo com um ótimo nível de segurança, o computador também pode apresentar alguma falha quando o assunto é lidar com emergências, com coisas não previstas.

“Quando se tem um maquinista humano, há um pouco mais de flexibilidade para reagir em algumas situações”, explica.

E se der pane na rede elétrica?

Segundo os especialistas, os passageiros podem ficar tranquilos quanto a isso. Todo o sistema metroviário – independentemente de ter condutor ou não – possui geradores e baterias para segurar as pontas enquanto o problema na rede elétrica não é solucionado.

No caso dos trens sem condutores, eles explicam que as composições possuem energia suficiente para conseguir se locomover sozinhas e parar em segurança.

07/02/2019 – Uol
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