Após seis meses desde que foi oficialmente decretada a pandemia do novo coronavírus no Brasil, a SuperVia registrou, até o dia 14/09, uma perda de 47,2 milhões de passageiros, que resulta no prejuízo de mais de R$ 204,5 milhões.

Além da queda na quantidade de clientes, no auge das medidas de isolamento social metade das lojas e quiosques existentes nas estações fechou e a inadimplência chegou a 80%. Com a flexibilização, a maior parte voltou a funcionar, mas a inadimplência ainda está em torno de 30%. A concessionária assumiu, ainda, custos extras com a contratação de equipes para reforçar a limpeza dos trens e estações para prevenção ao COVID-19.

A SuperVia e todo o setor de transporte público de passageiros aguardam a aprovação no Senado Federal do Projeto de Lei, aprovado pela Câmara dos Deputados em 26/08, que prevê o auxílio financeiro para minimizar os efeitos da pandemia no caixa das empresas e permitir a continuidade das operações. Depois de concluída a aprovação no Congresso Nacional, o projeto ainda precisará passar pela Alerj antes de chegar às empresas do Rio de Janeiro.

Desde o início da pandemia, a direção da concessionária já realizou cerca de 50 reuniões com parlamentares e autoridades do governo federal e do Rio de Janeiro, além de representantes de bancos públicos. A empresa tem demonstrado de forma transparente a situação financeira da concessionária, mas as conversas ainda não trouxeram uma solução definitiva para assegurar a continuidade da prestação de serviços aos milhares de passageiros do Rio de Janeiro.

Atualmente, a SuperVia transporta somente cerca de 300 mil passageiros por dia, metade do que era registrado antes da pandemia. A maior perda ocorreu no final de março quando a queda no número de clientes chegou a 74%. Depois, estabilizou-se em 60%.

Como não conta com qualquer subsídio do poder público, a SuperVia vive apenas da venda das passagens. A expectativa da concessionária é que o movimento de passageiros volte ao normal apenas no segundo semestre de 2021. Em 2020, a perda deve fechar ainda em 30%. Todos os dados da SuperVia estão disponíveis para as autoridades com total transparência.

Em agosto, a concessionária firmou acordos com a Light e a Cemig (fornecedoras de energia elétrica para o sistema ferroviário) que, somados às outras ações que a empresa tem adotado, garantirão caixa para manter a operação até final deste mês. O acordo prevê a postergação do pagamento de parte das faturas mensais de energia elétrica, que representa o segundo maior custo operacional da concessionária, depois da folha de pagamento dos colaboradores.

Outras medidas implementadas pela SuperVia para cortar gastos foram a renegociação de contratos e a redução em 25% os salários de seus funcionários, como forma de garantir os empregos e manter o serviço de trens funcionando. Mesmo com a baixa demanda, a empresa tem os gastos fixos com a operação, como manutenção e pagamentos de fornecedores.

A SuperVia defende ainda que, a partir da crise, seja feita uma profunda reestruturação do transporte de passageiros, com a criação de uma Autoridade Metropolitana, que organize o sistema para garantir maior racionalidade para o passageiro e saúde financeira para as empresas. Uma maior racionalização poderia facilitar os planos de longo prazo das empresas a fim de melhorar a prestação de serviço cada vez mais. Com esse mesmo objetivo, a concessionária também defende a aprovação, no âmbito do Congresso Nacional, de um marco regulatório nacional para os transportes públicos de passageiros nos moldes que foi feito com o saneamento para garantir previsibilidade nos serviços e investimentos.

15/09/2020 – SuperVia

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