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Projeto Porto Maravilha revitalizará centro e zona portuária do Rio

Uma das obras mais importantes impulsionadas pela realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, o Porto Maravilha pretende revitalizar a zona portuária e criar uma nova dinâmica no Centro da segunda maior cidade brasileira.

Ao contemplar a reurbanização da área, a construção de museus e a atração de prédios residenciais e comerciais, o projeto estabelece uma inédita Parceria Público-Privada estimada em 7,5 bilhões de reais.

A PPP inclui a manutenção dos serviços públicos municipais durante 15 anos de concessão. O valor das obras de infraestrutura urbana é estimado em 4,2 bilhões de reais. Outros 2 bilhões serão destinados à prestação dos serviços pelo consórcio ao longo do contrato. Impostos, juros e custos financeiros completam o valor.

O financiamento da parceria se dá pela venda de imóveis públicos na área e por Certificados de Potencial Adicional de Construção, que permitem a ampliação das áreas construídas. Uma das obras contempladas foi a derrubada do Elevado da Perimetral.

Em paralelo, a prefeitura investe na melhora do transporte público, com a construção de faixas para bicicletas, corredores de ônibus e o primeiro sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do País, cujo traçado inicial deve superar os 15 quilômetros de extensão.

Com um sistema de transporte público mais integrado, a cidade tenta mudar o perfil de deslocamento no Centro. Atualmente, três quartos dos frequentadores da região usam carros ou ônibus. O objetivo é inverter a situação.

Estima-se que, a partir da nova oferta de modais, 70% das viagens passem a ser feitas por metrô, barcas e VLT. O sistema não usará catenárias, os cabos para captar energia em fios suspensos. O abastecimento será feito por um sistema de alimentação pelo solo, espécie de terceiro trilho nos moldes existentes em diversas cidades europeias.

No Porto Maravilha, a Cisco trabalha em um projeto de inovação urbana, apoiada no fato de ser uma das patrocinadoras das Olimpíadas. A multinacional lançou um desafio: selecionou cinco empresas nascentes para desenvolver projetos na região. Além de contribuir para acelerar os negócios das startups, a Cisco vai testar as soluções de sua plataforma de cidades inteligentes.

Uma das empresas selecionadas foi a Viibus, que projeta um ponto de ônibus acessível a deficientes visuais. A ideia inclui um painel em braile, esquema de cores e mensagens de voz que avisam o deficiente visual no ponto de ônibus quando o veículo se aproxima e também o momento do embarque.

No ônibus, um indicador visual e sonoro avisa o motorista da necessidade de parada no ponto. Para um embarque efetivo, o usuário utiliza um cartão de identificação implantado dentro do ônibus. “Estamos em diálogo com a concessionária do Porto Maravilha para discutir os detalhes de como iniciar a operação da solução”, afirma Douglas Toledo, fundador da Viibus.

Mapa do novo sistema de trânsito

Outra inovação disponível no Porto Maravilha durante as Olimpíadas é o aplicativo Livrit, plataforma colaborativa de mapeamento e navegação para indivíduos com necessidades especiais. O aplicativo informa a rota ideal e leva em consideração o nível de acessibilidade das calçadas e estabelecimentos.

O foco inicial é mapear a zona portuária e os principais pontos de acesso na cidade aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. “Em abril ou maio, queremos ter as primeiras rotas identificadas e acessíveis aos interessados”, diz Francisco Viniegra, criador do Livrit.

Se a experiência funcionar, Viniegra vislumbra outras possibilidades de negócios, a começar pela venda de kits de acessibilidade em parcerias com companhias interessadas. “Muitas empresas e governos têm dificuldade de adaptar suas instalações e oferecer acessibilidade aos portadores.”

A Netsensors desenvolveu sensores que monitoram cestos, bueiros e lixeiras e avisam a hora de fazer a limpeza, o que tende a aumentar a eficiência do serviço. “Esse conjunto de soluções traz uma série de ganhos para essa área, que funciona como um campo de testes”, afirma Gabriel Bello Barros, gerente de programa do Centro de Inovação Cisco Rio de Janeiro.

No momento, a multinacional aposta na integração dessas soluções à sua rede e ao centro de controle operacional da concessionária que gerencia o Porto Maravilha.

A Cisco vai ainda implementar quiosques interativos em alguns pontos do Porto Maravilha para fornecer informações aos turistas. “A internet das coisas e as cidades inteligentes são uma vertente de negócios que ganhará muito espaço no mundo nos próximos anos.

As cidades começam a se interessar em ter cada vez mais informações, em gerenciar melhor a infraestrutura urbana e reduzir as emissões de poluentes”, diz Renato Pazotto, gerente de desenvolvimento de negócios da Cisco.

Em Hamburgo, sistemas de análise de dados via imagem foram instalados em estacionamentos e ruas próximas ao porto para identificar o fluxo de caminhões pesados, as principais rotas utilizadas, o tempo de parada em congestionamentos e os principais obstáculos aos veículos.

“Há uma grande demanda por análise de imagens de vídeo ou pela instalação de sensores, como os usados nas estradas americanas, em que não há praças de pedágios, mas os sensores informam o percurso percorrido por um veículo sem que ele precise parar e pagar com um tíquete no meio da viagem.”

A tecnologia tem sido cada vez mais usada no trânsito, ponto ainda negligenciado pelas cidades brasileiras. Em Cingapura, os veículos rodam com tarjetas eletrônicas, enquanto, sob o asfalto, sensores permitem às autoridades de tráfego identificar a localização de cada carro.

Entre outras medidas, o controle permite direcionar semáforos e melhorar o fluxo. O departamento de tráfego ainda pode sugerir desvios aos motoristas em painéis eletrônicos espalhados pelas principais vias.

A mudança na iluminação também é uma oportunidade de usar a tecnologia. São Paulo, a maior metrópole do País, promete colocar em consulta um contrato de 7,3 bilhões de reais para a renovação e administração do sistema. O objetivo é, em um ano, mudar a iluminação em mais de mil quilômetros de avenidas da capital paulista.

Um Centro de Controle Operacional vai permitir a identificação dos locais com falha na iluminação, mesmo sem a reclamação de moradores. As concessionárias poderão gerar receita com propaganda ou oferta de Wi-Fi nos postes. “Esse é um novo modelo que se abre para as cidades.

Com mais projetos em curso, as prefeituras devem começam a estudar novas maneiras de gerenciar o espaço público e transferir serviços à iniciativa privada”, ressalta Guilherme Naves, sócio da Radar PPP.

Há uma tendência, diz Pazotto, de as cidades instalarem mais sistemas de iluminação digital, tecnologias de estacionamento e sensores nas ruas. “Isso acrescenta uma grande massa de informações que precisa ser analisada de forma mais inteligente nos centros de controle operacional, sejam dados de criminalidade, sejam informações de mobilidade.”

São Paulo pretende também licitar um novo modelo de transporte público sobre pneus. Atualmente, os operadores recebem por passageiro transportado.

O novo contrato vai considerar uma fórmula composta pelo custo do serviço, ponderado pela demanda e pela qualidade apresentada da seguinte forma: 50% da remuneração será definida por usuário atendido, 25% pelo cumprimento das viagens e 10% pela disponibilização da frota.

A medição será feita por um Centro de Controle Operacional, custeado pelas empresas vencedoras da concorrência e operado em conjunto com a SPTrans.

Uma das características será a intensificação do uso de recursos tecnológicos, baseados no sistema GPS instalado na frota de ônibus. O monitoramento permite a aplicação da chamada operação controlada, o que agiliza o tráfego com informações em tempo real. Prevê-se ainda a instalação de sinais de internet sem fio nos coletivos.

06/02/2016 – Carta Capital
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