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Mobilidade urbana: desafios e opções tecnológicas para as necessidades das cidades brasileiras

Cristiano Lopes Saito *

A chegada de uma nova fábrica de VLTs (Veículo Leve Sobre Trilhos) elétricos (tramways) no Brasil traz uma oportunidade de expansão deste modal nas cidades brasileiras como alternativa para a mobilidade urbana. O sistema já está em fase de testes na Baixada Santista, no Estado de São Paulo, em avançada fase de execução na cidade do Rio de Janeiro, muito em breve deverá ser iniciado em Goiânia e, até o fim do ano, licitado em novas capitais do País, como Salvador.

Defendendo a escolha do VLT como um modal que promove a ideia do transporte inteligente, podemos começar explicando como as cidades devem fazer o planejamento para a escolha de seu projeto de mobilidade.

Primeiramente, é importante olhar para o sistema de transporte da região como um todo. A definição do modal deve se basear na demanda a ser atendida, na extensão das linhas atuais e na qualidade de serviço a ser oferecida. Além disso, as administrações públicas precisam considerar os custos totais dos projetos durante a vida útil e não se atentar apenas aos custos de implantação.

Com relação à qualidade do serviço, é fundamental considerar que o transporte público nas cidades brasileiras precisa conquistar os usuários que atualmente optam por utilizar seus carros e motocicletas. Nenhuma cidade conseguirá viabilizar um sistema de mobilidade com o atual cenário de queda de usuários do sistema público e aumento dos usuários de transporte individual. É preciso prover um sistema coletivo com rapidez, segurança e conforto, de forma a oferecer mais qualidade de vida aos cidadãos.

Fazendo um comparativo direto entre a solução BRT (Bus Rapid Transit) e o VLT elétrico, um primeiro ponto a esclarecer é que, apesar de o custo de implantação de um VLT ser inicialmente maior, no longo prazo, os gastos da operação acabam sendo menores. A vida útil de um ônibus a diesel é, em média, de sete a dez anos e a do VLT, superior a 30 anos. A solução de BRT envolve mais despesas com mão de obra, combustível e outras variáveis como recuperações da via, que acarretam mais custos ao longo do tempo.

Outra diferenciação importante a ser feita é entre o VLT elétrico e os trens suburbanos a diesel, também referenciados como VLTs. A utilização de estruturas de carga existentes (linhas em bitola métrica) permite, com a instalação de novos veículos, a implantação rápida de uma linha de transporte. Entretanto, por se basear em um traçado existente, nem sempre ligam os eixos prioritários de demanda. Esses veículos movidos a diesel ou biodiesel não apresentam também os mesmos benefícios, como melhor acessibilidade e menor poluição sonora, oferecidos pelo VLT elétrico.

É importante considerar que um bom projeto de VLT deve beneficiar-se da ótima acessibilidade dos veículos, seja para usuários com mobilidade reduzida ou para ciclistas, promovendo a integração com outros modais. Os VLTs podem ser conectados facilmente a ciclovias, estações de trens, linhas de ônibus e locais de alta circulação de pedestres. Um exemplo perfeito a ser mencionado é o caso do projeto em execução no Rio de Janeiro, o VLT Carioca, que promoverá a conexão de toda a região da zona portuária ao centro da cidade, interligando desde as balsas, ciclovias, estações de metrô, trens suburbanos, BRT e o aeroporto Santos Dummont.

Nos aspectos paisagísticos, é importante ressaltar que o VLT permite operação sem catenária oferecida por meio de três tecnologias: alimentação pelo solo, por bateria e supercapacitores. Isso permite a utilização mesmo em áreas de preservação histórica, como é o caso de Cuenca no Equador, cujo centro é Patrimônio Histórico da Humanidade concedido pela UNESCO, que decidiu pela implantação de uma linha de VLT.

Falando em sustentabilidade, a partir do momento que o usuário utiliza o transporte público e deixa seu carro em casa, ele passa a colaborar mais com a redução das emissões de gases de efeito estufa. O VLT elétrico emite dez vezes menos gás carbônico por passageiro se compararmos a um carro e quatro vezes menos que um ônibus, por exemplo. Entretanto, é fundamental atrair os usuários para o sistema público. Estudos de caso qualitativos realizados na Europa comprovam que a aceitação do VLT para a substituição do veículo próprio é maior do que a utilização do ônibus.

São muitos os debates sobre mobilidade urbana, o que é amplamente saudável. Assim, se as administrações municipais considerarem os aspectos apresentados e estudarem de forma aprofundada, por meio de modelos de análise custo-benefício levando em conta a vida útil do projeto, veremos que o VLT elétrico é uma alternativa real para as mega, grandes ou médias cidades brasileiras.

*Cristiano Lopes Saito, Business Development Director at Alstom Transport

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