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Joubert Flores faz balanço do setor metroferroviário

Joubert Fortes Flores Filho é Engenheiro Eletricista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro ? UFRJ, com MBA em Gerência de Energia pela EBAPE/FGV. Exerce, concomitantemente, os cargos de Diretor de Engenharia do MetrôRio, a Presidência da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), e também a presidência a Comissão Metro-Ferroviária da ANTP.

Joubert concedeu entrevista para o portal da ANTP, em que fala sobre os principais assuntos que formam a pauta do setor metroferroviário hoje no país.

ANTP = “Investir no transporte contribui para melhorar a eficiência produtiva da população?. Esta frase é sua, dita numa entrevista logo após a criação da ANPTrilhos, no início de 2011. Àquela época havia uma expectativa de fortes investimentos no setor metroferroviário, o que era reforçado por dois megaeventos que o Brasil iria sediar: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Que balanço você faz agora, um ano após a Copa e às vésperas das Olimpíadas? O legado é o esperado, ou você acha que muito mais poderia ser feito?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Continuamos defendendo os investimentos em transporte público para melhorar a mobilidade dos cidadãos, proporcionando menor tempo de trânsito e mais qualidade de vida. Com a realização da Copa do Mundo no Brasil, o setor metroferroviário esperava a conclusão de cinco novos projetos, que tinham recursos garantidos por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e do PAC Copa: Monotrilho de Manaus (AM), VLT de Cuiabá (MT), VLT de Brasília (DF), Monotrilho Linha 17 (SP) e VLT de Fortaleza (CE) – o que consolidaria 79,4 km em novas linhas. No entanto, nenhum destes projetos foi finalizado.

Dessa forma, a rede metroferroviária brasileira continua registrando um crescimento pouco significativo: apenas 3% em 2014. Isso já considerando as linhas que ainda não estão em operação comercial, mas que já estão em regime de operação assistida.

Em relação às Olimpíadas de 2016, o Rio de Janeiro está se preparando para receber os Jogos e executando os projetos metroferroviários para garantir a mobilidade dos cidadãos. Temos a renovação das linhas da SuperVia, modernização das linhas do metrô, a construção da Linha 4 e as seis linhas de VLT integradas ao projeto do Porto Maravilha, que visam, além da melhoria da infraestrutura de transporte, a revitalização de toda a área central da cidade. Essas obras serão um legado dos jogos para a cidade e ajudarão a melhorar a modalidade na cidade, com sistemas eficientes e que reduzirão o tempo de viagem das pessoas, proporcionando mais qualidade de vida para a população carioca.

O legado da Copa ainda não se concretizou, mas estamos otimistas de que a estrutura para as Olimpíadas será toda concluída e de que, em mais alguns anos, a população usufruirá dos projetos iniciados para a Copa.

ANTP = Um dos grandes desafios do setor metroferroviário está em compatibilizar a expansão da infraestrutura com o crescimento da demanda, que tem crescido de forma mais rápida. Quais projetos seriam urgentes para mitigar esse problema?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Os investimentos nos sistemas metroferroviários brasileiros não conseguem acompanhar o mesmo ritmo de crescimento da demanda de passageiros. Atualmente, há 63 médias e grandes regiões metropolitanas e só 12 possuem algum tipo de sistema de transporte de passageiros sobre trilhos. A taxa de crescimento da população brasileira exige um melhor planejamento da mobilidade urbana, obrigando as cidades a estruturar suas redes de forma integrada.

Um sistema de transporte eficiente é fundamental para a mobilidade dos cidadãos, sem perda de tempo no trânsito e levando-os ao destino com rapidez e segurança. Além disso, proporciona mais qualidade de vida para as pessoas e qualidade ambiental para as cidades.

Temos hoje 18 projetos já contratados ou em execução para construção de mais 264 quilômetros de trilhos. Além disso, o setor metroferroviário tem mais de 50 projetos, divididos entre implantação de novos sistemas, ampliação e/ou modernização das linhas existentes, sistemas e telecomunicações, e ampliação da frota.

Apesar da grande quantidade de investimentos, eles ainda são insuficientes, pois não correspondem a todas as necessidades da população e não seguem o crescimento da demanda. Ainda há a necessidade de mais investimentos para a implantação e ampliação dos sistemas, aumento da frota e modernização. As cidades estão crescendo e se desenvolvendo rapidamente e necessitam pensar sua mobilidade em um cenário de, pelo menos, 10 anos. Inserir o transporte metroferroviário de passageiros nesse planejamento é uma das premissas para dignificar o transporte da população.

ANTP = Levantamento recente da ANPTrilhos aponta que existem 18 projetos já contratados ou em execução para construção de mais 264 quilômetros de trilhos. Diante da crise econômica atual, é possível alimentar expectativa quanto à conclusão e início das operações, ainda mais com os recentes casos de corrupção envolvendo grandes empresas do setor?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – O Brasil tem importantes projetos voltados para a mobilidade urbana. Apesar da histórica falta de investimentos para a ampliação da rede metroferroviária de transporte de passageiros, o país tem buscado resgatar esse déficit de investimento. São mais de 50 projetos, divididos entre implantação de novos sistemas, ampliação e/ou modernização das linhas existentes, sistemas e telecomunicações, e ampliação da frota.Temos a expectativa de que todos os projetos serão concluídos.

Apesar do atual momento econômico do Brasil, a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) acredita que os investimentos iniciados não serão paralisados e que esses 264 quilômetros estejam concluídos nos próximos anos.

ANTP = Você acredita na criação de um fundo de investimentos para projetos de transportes sobre trilhos? Caso sim, como ele poderia ser estruturado e como os municípios poderiam ter acesso aos recursos?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – A criação de um fundo de investimentos voltado para a estruturação de um banco de projetos para transporte de passageiros sobre trilhos é um dos pleitos da ANPTrilhos e faz parte da Agenda de Governo 2015-2018 do Setor Metroferroviário Brasileiro.

A ideia de instituir o fundo é para que sejam desenvolvidos projetos bem estruturados, que não só identifiquem a viabilidade da infraestrutura proposta, bem como, definam todos os detalhes necessários para a correta adequação dos projetos as demandas estimadas.

Atualmente, os sistemas metroferroviários estão restritos a apenas 12 regiões metropolitanas. A malha metroferroviária conjunta das cinco principais operadoras do País não atinge 750 km, sendo que 330 km estão instalados em São Paulo.

Dado o atual estágio de evolução do País, não se pode mais pensar em transporte urbano de forma isolada. Os grandes centros estão se desenvolvendo muito rápido e a população está cada vez maior e o transporte sobre trilhos é fundamental nesse contexto para dar maior fluidez à mobilidade, transportando os passageiros de forma moderna, segura, ordenada, rápida e sustentável nas cidades. Desse modo, propõe-se que haja um efetivo desenvolvimento de projetos de mobilidade urbana que considerem o modal metroferroviário, tornando-os uma referência e um estímulo à implantação de novos empreendimentos de transporte sobre trilhos.

O Ministério das Cidades é o responsável pela elaboração de políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana brasileira. Nesse sentido, caberia ao Ministério das Cidades à criação e gestão desse fundo de investimentos para financiar a realização de projetos metroferroviários voltados para a mobilidade urbana de passageiros sobre trilhos.

A ANPTrilhos também defende o fundo de investimentos para projetos de trens regionais, neste caso, com gerência do Ministério dos Transportes.

ANTP = Para a atualização da malha serão necessárias novas tecnologias para o transporte metroferroviário. Mas sabemos que isso só será possível se projetos como a expansão dos trens paulistas saírem do papel. Como você vê isso?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – As tecnologias avançam diariamente e precisam ser acompanhadas. Além de expandir a rede metroferroviária do País, o setor metroferroviário nacional precisa progredir na modernização dos sistemas existentes para acompanhar o desenvolvimento tecnológico já atingido por outros países, visando padrões de excelência em velocidade das composições, aumento de produtividade e ampliação da capacidade instalada.

A ANPTrilhos vem trabalhando nesse sentido, buscando parcerias internacionais para o aprimoramento do transporte de passageiros sobre trilhos. Uma ação recente foi um acordo de US$ 650 mil, cerca de R$ 2,2 milhões, com a U.S. Trade and Development Agency (USTDA) para a realização de estudos que envolvem a área de vídeomonitoramento embarcado nos trens de passageiros. Os estudos serão focados na área de comunicação operacional, enfocando a parte regulatória, técnica e tecnológica para a transmissão, em tempo real, das imagens dos trens de passageiros para os Centros de Controle Operacional (CCO), interligados com sistemas de segurança pública. A USTDA publicou nos Estados Unidos a chamada para o envio de propostas até o dia 29 de outubro.

Esse estudo vai beneficiar não só os operadores metroferroviários, mas, principalmente, os usuários dos sistemas de transportes de trens de passageiros no Brasil e os formuladores de políticas públicas, que poderão utilizar o estudo como base para a área de transporte urbano.

ANTP = Que balanço se pode fazer das concessões no setor metroferroviário?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Com a chegada das concessões na área metroferroviária de passageiros, as operadoras têm os desafios do aumento do transporte e a redução dos custos operacionais. A qualidade da operação e o atendimento aos passageiros são primordiais, assim como a realização de investimentos, públicos ou privados, para o bom desempenho dos sistemas.

O Brasil conta com níveis de excelência no transporte de passageiros sobre trilhos. Indicadores de produtividade colocam o Metrô de São Paulo entre os melhores do Mundo, assim como a Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro.

A chegada das concessões contribuiu para acelerar os investimentos privados. Sem dúvida, a iniciativa privada é um importante parceiro para projetos e na área metroferroviária não seria diferente.

O aprimoramento do processo de concessão facilitou os investimentos em aquisições de equipamentos, modernização da manutenção e melhorias nos serviços ofertados.

A ANPTrilhos defende que o investimento seja realizado de forma a ter excelentes projetos, operação e atendimento aos passageiros dos sistemas sobre trilhos. E essa parceria entre o público e o privado é primordial.

ANTP = Por fim, mas não menos importante: além da questão da infraestrutura, um dos grandes desafios do setor metroferroviário está na qualificação técnica dos profissionais do setor. Como está isso? As empresas operadoras estão investindo em RH?

JOUBERT FORTES FLORES FILHO – Os operadores metroferroviários de passageiros realizam constantes processos de capacitação e aprimoramento de seus profissionais. Esses trabalhos são desenvolvimentos nas áreas administrativas, operacionais e de atendimento aos passageiros. Constantemente, os funcionários passam por treinamentos em simuladores operacionais. Além disso, são firmadas parcerias com universidades para cursos técnicos, de graduação e pós-graduação, e cursos internos.

Durante a Copa do Mundo de 2014, os operadores realizaram módulos de treinamento para atender os passageiros durante os jogos, incluindo cursos de inglês para a recepção aos estrangeiros. Os avisos sonoros dentro dos trens também passaram a ser bilíngue.

Em relação a recursos humanos, em 2014, a geração de empregos subiu mais 8%, o que representa um aumento de 2.780 contratações.

Entrevista concedida a Alexandre Pelegi, ANTP

26/09/2015 – ANTP – São Paulo/SP – CAPA
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